quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PROJETO CONSCIÊNCIA NEGRA. O NEGRO ONTEM E HOJE: A FORMAÇÃO DE UMA CULTURA.







PROJETO CONSCIÊNCIA NEGRA 


O NEGRO ONTEM E HOJE: A FORMAÇÃO DE UMA CULTURA. 

“Todo brasileiro, mesmo alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro...” 

Gilberto Freire, Casa Grande e Senzala. 

1 Identificação: 

1.1 Tema: O negro ontem e hoje: A formação de uma cultura. 

1.2Tempo de Execução: do dia 05 de novembro de 2112 à 23 de Novembro de 2012. 

1.3 Característica: Projeto disciplinar em história. 

1.4 Público Alvo: Alunos do 6º e 7º ano da Escola Estadual Tancredo Neves




2 Blocos Temáticos:




 A pátria mãe negra. Como vivia os negros africanos antes da chegada do europeu no Continente Africano? 

· A tradição Africana; 

· Religião Africana; 

· Sociedade Africana; 

· Trabalho Africano; 

· O Império Gana 

· O Império de Songhay 

· O Reino do Kongo 

· O Império Kush 

· Catargo 

· Axum ( um reino Cristão) 

· O Comércio Transaariano 


A chegada do Europeu e as mudanças ocorridas no continente Africano; 

· O Trafico negreiro; 

· A resistência Negra; 


A transferência do negro para o Novo Mundo; 

· O navio Negreiro 


 A escravização do negro; 

· A senzala; 

· A comida e vestimenta do negro; 

· Resistência e Quilombos; 

· Sincretismo Religioso 



O negro na atualidade na África; 

· Problemas sociais nos países africanos; 

· África do Sul – Apharteit; 

· Guerras na África; 



 O negro na atualidade na América; 

· EUA – Panteras Negras; Marthin Luther King; Malcolm X; Movimento Black Power e a realidade negra na sociedade Americana. 

· BRASIL – Quilombolas, Congos, projetos de cotas para negros nas universidades e a realidade do negro na sociedade brasileira. 

3 Objetivos: 

 Percorrer a trajetória histórica dos africanos desde suas tribos primitivas, até os dias atuais; 

Valorizar a cultura negra e seus afro-descendentes e afro-brasileiros, na escola e na sociedade; 

 Entender e valorizar a identidade das crianças e jovens negros; 

ü Redescobrir a cultura negra, embranquecida ao longo do tempo; 

 Desmitificar o preconceito relativo aos costumes religiosos provindos da cultura africana; 

Trazer à tona, discussões provocantes, por meio de rodas de conversa, para um posicionamento mais crítico frente à realidade social em que vivemos.



4 Conteúdo foco: 

O conteúdo foco é a educação voltada para a consciência do negro para a constituição e identidade da nação brasileira e principalmente, do respeito à diversidade humana e a abominação do racismo e do preconceito, desenvolvido por meio de um processo do debate, sobre o negro, buscando nas suas próprias raízes a herança biológica e ou cultural trazida pela influência africana. Inicialmente, serão apresentados os temas já explicitados acima, estabelecendo a seguir o vínculo entre as curiosidades dos alunos o tema e a instigação provocada pelo professor no intuito de ir avançando no conhecimento sobre o assunto. 



5 Problemática: 

Historicamente, o Brasil, no aspecto legal, teve uma postura ativa e permissiva diante da discriminação e do racismo que atinge a população afro-descendente brasileira ate hoje. Nesse sentido, ao analisar os dados que apontam as desigualdades entre brancos e negros, constatou-se a necessidade de políticas específicas que revertam o atual quadro. 

No campo da educação, promover uma educação ética, voltada para o respeito e convívio harmônico com a diversidade deve-se partir de temáticas significativas do ponto de vista ético, propiciando condições desde a mais tenra idade, para que os alunos e alunas desenvolvam sua capacidade dialógica, tomem consciência de nossas próprias raízes históricas que ajudaram a constituir a cultura e formar a nação brasileira, pois, o preconceito e o racismo são uma das formas de violência, diante disso, quais as situações que temos possibilidade de mudar? Qual seria nossa contribuição concreta para viabilizar a conscientização das pessoas? 

6 Justificativa: 

Comemorar o 20 de novembro – Dia da Consciência negra, dedicando o mês de novembro, para debater e refletir sobre as diferenças raciais e a importância de cada um no processo de construção de nosso país, estado e comunidade. Com este trabalho espero que a consciência de valorização do ser humano ultrapasse as fronteiras da violência, do preconceito e do racismo que as minorias enfrentam. 

7 Desenvolvimento: 

O desenvolvimento do projeto estará em consonância com os blocos temáticos citados e será feito de acordo com as necessidades da turma e a realidade local, estabelecendo o problema e a proposta de conteúdo para a classe. O tema será desenvolvido na sala de aula e ou em horários de módulo realizados no 6º horário, sendo que os dias e horários serão comunicados aos pais ou responsáveis. Os alunos deveraõ fazer observações diretas dos temas trabalhados, no entorno social, ilustrações, vídeos, leituras. 

O material a ser trabalhado ficará a critério do professor, respeitando os temas acima proposto, quanto aos sub-temas fica a critério do professor a utilização ou não dos propostos. 


 8 Resultados Esperados; 

 Apropriação de diversos saberes, além da conscientização sobre temas relevantes como legislação, tolerância, direitos e deveres etc.; 

 Desenvolvimento de valores – conceitos e procedimentos; 

Apropriação de novas aprendizagens, a partir de reflexões e esclarecimentos sobre outras culturas; 

No final, sempre com a orientação do professor, os alunos deverão organizar os conhecimentos que adquiriram, fazendo registros de suas atividades, com desenhos, esquemas, confecções de cartazes e etc.. E durante essas atividades várias atitudes e valores éticos e humanos podem ser trabalhados para a consolidação do objetivo foco. 

Montaremos uma exposição com os materiais coletados e produzidos pelos alunos em conjunto com o professor para que sejam apresentados no mural que faremos na escola, para possíveis visitas de pais e membros da comunidade local, bem como colegas de outra classe para apreciar e aprender a história africana. 

9 Avaliação: 

A avaliação acontecerá durante todo o processo educativo, de forma contínua e diagnóstica, com a intenção primordial de rever a própria prática docente criando novas possibilidades para estimular os alunos a desenvolverem-se suas potencialidades levando em conta, principalmente, os avanços individuais dentro da coletividade e a participação no desenvolvimento de todas as atividades (de acordo com as peculiaridades de cada aluno) no decorrer do projeto. 

10. Considerações Finais 

O trabalho de educação anti-racista deve começar cedo. A criança negra precisa se ver como negra e aprender a respeitar a imagem que tem de sim mesma e ter modelos que confirmem essa expectativa. O projeto visa à alegria e à majestade da cultura africana, tudo como deve ser, sem constrangimentos nem equívocos. 

Portanto, este projeto trata-se de uma proposta construída, mas não acabada e estará sujeito a mudanças de acordo com o cotidiano em sala de aula. 

Os alunos e os grupos, poderão utilizar o bloog abaixo, e com o auxílio do professor escolherem o tema a ser trabalhado.



 A pátria mãe negra. 

A CRONOLOGIA DA HISTÓRIA AFRICANA PODE TER A SEGUINTE COMPOSIÇÃO:

1 - Aparecimento do Homo Sapiens na África - 10.000 AC
2 - Agricultura e criação no Vale do Nilo - 5.000 AC
3 - Os Faraós unificam o Estado Egípcio - 3.100 AC
4 - O Estado Kerma governa a Antiga Núbia no Sudão 2.250 AC
5 - As dinastias Egípcias colonizam o Núbia - 1.570 AC
6 - Os Estados Kushes e Napatos se estabelecem no Sudão - 1.100 a 500 AC
7 - Fenícios fundaram a Capital em Cartago - 814 AC
8 - Os Estados Kushes da Núbia governam o Egito - 760 AC
9 - A tecnologia do Ferro é introduzido no Egito pelos invasores Assírios - 500 AC
10 - Reinos Núbios - 400 AC
11 - Civilização Nok na África Ocidental - 450 AC
12 - Os Gregos invadem o Egito - 332 AC
13 - Os Romanos invadem o Egito 40 - AC
14 - Início do esplendor dos Reinos Axum na África Oriental - 0
15 - Expansão Islâmica no Norte Africano - 639
16 - Data aproximada da construção do Zimbabue - 700
17 - Ocupação de Gana pelos Almoravides - 1.076
18 - Fundação do Império Monomotapa na África Austral. - 1.200
19 - Início do Império do Mali - 1.235
20 - Fundação do Reino do Congo - 1.240
21 - Início do Império Songai - 1.400
22 - Os Portugueses vencem os Mouros e tomam Ceuta no Norte Africano - 1.415
23 - Fundação do Reino Luba na região do Rio Congo - 1.420
24 - A presença constante de mercantes portugueses no Rio Senegal - 1.445
25 - Estabelecimento do tratado comercial entre Reinos da África Ocidental e os Portugueses - 1.456
26 - Tratado de Alcáçovas entre Espanhóis e Portugueses que permitem aos Portugueses a introdução de escravizados Africanos na Espanha - 1.475.
27 - Chegada dos Portugueses ao Congo - 1.484
28 - Conversão do Rei do Congo ao Catolicismo - 1.491
(o Catolicismo já havia penetrado na Etiópia 400 anos antes)
29 - Destruição do Império Songai - 1.591
30 - Portugueses invadem Angola transformando o Reino em Colônia - 1.575.
31 - O Reino do Congo é dominado pelos Portugueses - 1.630
32 - Chegada dos Ingleses como invasores e colonizadores na África do Sul - 1.795.
33 - Início das Campanhas Militares de Chaka-Zulu - 1.808
34 - Consolidação do Domínio Europeu na África - 1.884-1.885.

Como vivia os negros africanos antes da chegada do europeu no Continente Africano?



"A tradição africana vive da palavra. São as palavras cantadas que ensinam, são as palavras contadas que criam os valores e motivam para o trabalho, para a luta ou para a festa; são palavras vivas na boca dos velhos contadores de histórias, recriando o mundo à medida da imaginação e da arte. Uma herança viva da ancestralidade".
Através das histórias se conserva a sabedoria e o conhecimento através de gerações. A narração oral da história foi aspecto essencial para que se conservasse a tradição dos mitos e das lendas das culturas tribais e nativas.
Os contadores de história criam um vínculo, uma ponte entre os ensinamentos tradicionais e o momento presente, mantendo a herança da identidade que serve de suporte para as tradições culturais, étnicas e religiosas.
Há muito tempo na África, todas as comunidades e culturas tribais tinham seus contadores de histórias - homens, tradicionalmente; mas havia também mulheres. Os requisitos principais para ser um contador de histórias era dedicar-se a conhecer as histórias de sua comunidade, dos seus ancestrais, da mitologia, da cosmologia e, naturalmente, ter dons espirituais e de oratória aceito pelos Anciões.
Todo contador de história na África não só tem que tornar o ato de contar histórias um hábito de diversão, mas também, através delas, ensinar as crianças e os jovens a aplicar os ensinamentos dessas histórias em sua própria vida e a perpetuar as tradições da oralidade.
Griot Fête

Outras Fontes:


Religião Africana

OS ORIXÁS AFRICANOS


Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários.

Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos - água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias.No Candomblé cultuam-se muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orixás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos.Apresento a seguir as descrições dos 18 Orixás mais cultuados. Recordo no entanto que existem diversas correntes no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região.



EXU




Senhor dos caminhos, Orixá mensageiro e vencedor de demandas. Por estar mais próximo da realidade humana é considerado o Orixá das causas materiais. Veste-se de vermelho e preto e seu elemento é o fogo. Seu dia é a Segunda-feira e sua saudação é "Laroiê !". Seus filhos são pessoas críticas e originais, não ligam para opiniões alheias. Adeptos da lei do menor esforço, preferem concentrar suas energias no lazer. De hábitos noturnos, tendem a ser egoistas e tornam-se tristes quando não se encaixam em determinados ambientes.





OGUM




É o Orixá guerreiro. Deus do ferro e da guerra. Seu domínio são as retasdos caminhos, as lutas e o trabalho. Veste-se de azul escuro, verde ou vermelho. Traz sempre sua espada pronta para o ataque. Seu dia é terça-feira e sua saudação é "Ogunhê !" Seus filhos, são pessoas com um apurado senso de honra e incapazes de perdoar uma ofensa. São fisicamente muito resistentes, curiosos por natureza, possuem muita capacidade de concentração e perseguem seus objetivos com determinação.





OXOSSI




Orixá caçador, protetor das matas, dos animais da floresta e dos caçadores. Veste-se de verde, azul turquesa e vermelho. Traz sempre o seuOfá (arco e flexa). Seu dia é a Quinta-feira e sua saudação é "Okê Arô Oxossi!" Seus filhos, são pessoas muito exigentes no cumprimento das obrigações, de atitudes firmes e até um pouco duras. Não têm "papas na língua" e costumam falar tudo o que pensam. Dão muito valor aos acordos e não faltam com sua palavra. Com tendência à timidez, não gostam de demonstrar suas emoções.





OSSAIM






Orixá das ervas medicinais e das plantas em geral, presentes em todos os rituais de iniciação no Candomblé. É representado por um pássaro pousado num ramo e seu domínio é a mata virgem. Veste-se de verde e rosa. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Ewé ô - Ewe assá !". Seus filhos, são pessoas com forte tendência à religiosidade, tolerantes e de bom coração. De personalidade instável, costumam controlar seus sentimentos e emoções. Valorizam a liberdade e não se apegam aos bens materiais.

OBALUAIÊ
 (ou OMOLU, em sua forma velha)

O deus das pestes e das doenças de pele. Por ser o deus da peste conhece a cura de todos os males. Veste-se de branco e preto e usa um capuz de palha-da-costa que encobre todo o corpo. Dança com o Xarará. Seu dia é segunda-feira e sua saudação é "Atotô !" Seus filhos, são pessoas que se preocupam demais com os outros, esquecendo de seus próprios interesses. Podem até ter uma boa situação financeira, porém não se apegam aos bens materiais. São inquietos e não apreciam a monotonia.


OXUMARÉ

Orixá da sorte, fartura e fertilidade. Protetor das mulheres grávidas.Seu domínio são os poços e fontes da mata. Veste-se de verde e amarelo ou com as sete cores do arco-íris e é representado por uma serpente. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Àrobô bô yi !". Seus filhos são pessoas orgulhosas e exibicionistas. Periódicamente mudam tudo em sua vida: casa, emprego, amigos, sempre buscando novidades. Costumam desenvolver o dom da vidência e possuem intuição aguçada, que normalmente lhes revelam os melhores caminhos.

EWÁ

Orixá das chuvas, rainha dos mistérios e da magia, jovem virgem que recebeu de Orunmilá o poder de ler os Búzios (o Oráculo de Ifá). Comanda os astros e está ligada às mudanças e transformações das águas. Veste-se de vermelho e branco. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Ri-rò!". Seus filhos são pessoas extremamente metódicas e racionais. Costumam traçar metas para tudo. Conservadoras, acabam sofrendo com o excesso de rotina que conseguem estabelecer em suas vidas.


XANGÔ

O Orixá da justiça, do trovão e da pedreira. Veste-se de vermelho e branco. Usa uma coroa, e traz o Oxé (machado duplo) e o Xerê (instrumento musical) Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Kawó-Kabyesilé!". Seus filhos são pessoas fisicamente fortes, atrevidos e prepotentes. Com um senso de justiça muito próprio, não suportam desaforos. As vezes agem como se fossem os donos da verdade. Porém, quando a situação complica, sempre buscam um meio termo, para não sair perdendo.


OXUM

É a rainha dos rios e das cachoeiras (todas as águas doces), do ouro e do amor. Veste-se de amarelo, dourado, azul claro e rosa. Traz em suas mãos o Abebê (espelho-leque) e uma espada se for guerreira. É a segunda esposa de Xangô. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Ora Ieiê Ô !". Seus filhos são pessoas graciosas e elegantes, adoram jóias, perfumes e roupas caras. Voluptuosas, sensuais, esbanjam charme e beleza. Possuidoras de muita força de vontade e um grande desejo de ascensão social.

IANSÃ

É a deusa guerreira, senhora dos ventos, das tempestades e dona dos raios. É a dona dos eguns, por isso seus filhos são os mais indicados para a entrega de ebós. É a mulher principal de Xangô. Veste-se de vermelho,marrom escuro, e branco. Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Eparrei Oiá!". Seus filhos, são pessoas alegres, audaciosas, intrigantes, autoritárias e sensuais. Adoram usar jóias e bijuterias. Extrovertidas, francas e amantes da natureza. Ambiciosas e de temperamento forte. São guerreiras e comunicativas.


LOGUN-EDÉ

Filho de Oxum com Oxóssi. Seus domínios são os leitos de rios e mares. Veste-se com uma pele de leopardo, leva em uma mão o espelho deOxum e na outra as armas de Oxóssi. Suas cores são amarelo e azul. É representado por um pavão ou um papagaio. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Olu A Ô Ioriki !". Seus filhos são pessoas bonitas, atraentes e sedutoras. Carinhosos, amorosos e sensuais. Orgulhosos e vaidosos. Inconstantes, indecisos, frios e calculistas. Reservados e um tanto calados. Ciumentos, solitários e discretos.

OBÁ

Uma das esposas de Xangô, Orixá do equilíbrio e da justiça. Seu domínio são as águas revoltas. Veste-se de laranja e amarelo, portando espada e protegendo a orelha com um escudo. Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Obá xirê !". Os filhos de Obá são pessoas pouco atraentes, desajeitadas e de temperamento forte. Agressivas e objetivas. Aparentam ser mais velhas do que realmente são. Costumam ser bem sucedidas nos negócios e gostam de acumular bens.

IEMANJÁ

Orixá da harmonia em família, é considerada a Rainha dos mares e a mãe dos Orixás. Veste-se de azul e branco ou verde claro, portando seu Abebê(espelho-leque)decorado com uma sereia ou uma concha. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Odô iyá !" Seus filhos, são autoritários, persistentes, preocupados, responsáveis e decididos. Amigos, protetores, faladores e não suportam a solidão. As mulheres, se comportam como super mães. Quando a segurança dos filhos e da família está em jogo, são agressivos e até traiçoeiros.

NANÃ

É o Orixá feminino mais velho do Panteão. É a mãe de Oxumarê eObaluaiê. Em sua mão traz seu cetro o Ibiri. Veste-se de lilás, branco e azul. É a protetora dos doentes desenganados. Seu dia é Terça-feira e sua saudação é "Salubá !" Seus filhos são conservadores e apegados às convenções. Calmos, mas às vezes tornan-se agressivos e guerreiros. As mães, são apegadas aos filhos e muito protetoras. Ciumentas e possessivas, exigem atenção e respeito. Não costumam ser muito alegres e não gostam de brincadeiras.

IBEJI

Orixás Gêmeos protetores das crianças e da família. Vestem-se de azul, rosa e verde. São representados por dois bonecos gêmeos ou duas cabacinhas. Seu dia é domingo e sua saudação é "Omi Beijada!" Embora possa ocorrer, são raros os filhos de Ibeji. Essa energia infantil, geralmente se manifesta com o orixá do iniciado. Mesmo sendo adulto, quando em "estado deerê", o iniciado torna-se brincalhão, irreverente, cheio de energia e aparenta ser mais jovem. Adoram festas, música e dança.

OXALÁ

É considerado o Pai de todos os orixás. É o mais velho e o primeiro a ser criado. É responsável pela criação do mundo e dos seres humanos. É o Orixá dos inhames novos e da agricultura, que traz as chuvas e que fecunda os campos, Sua festa ligada ao início do ano agrícola costuma ser em agosto esetembro, e inclui a renovação da água do templo e a lavagem dos objetos de culto. Está associado à justiça e ao equilíbrio. É cultuado nas seguintes formas:Oxalufã = Oxalá Velho e Oxaguiã = Oxalá Moço.


OXALUFà

É o Orixá da paz, veste-se de branco portando sempre seu apaxorô(cajado). É representado por uma pomba branca. Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Eepaá babá !".

OXAGUIà

É um Orixá valente e guerreiro, considerado filho de Oxalufã. Também veste-se de branco, dança com muita energia carregando uma "mão de pilão". Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Exê êêê !Os filhos de Oxalufã (oxalá velho), em geral são pessoas calmas e dignas de confiança. Dotados de grande sabedoria, estão sempre buscando os significados de tudo o que ocorre ao seu redor. Não cansam de estudar e buscar o conhecimento. Também são teimosos orgulhosos e inteligentes e com tendência à serem preguiçosos.Os filhos de Oxaguiã (oxalá moço), são pessoas joviais e viris. Ativos, guerreiros, alegres e generosos. Não se deixam influenciar por opiniões alheias. São organizados e metódicos em seus ofícios e projetos. Trabalhadores incanssáveis e por essa razão, suscetíveis à crises de estresse.


(Fonte web:http://filhodalua.my1blog.com) 


Sociedade Africana

OS SEGREDOS DAS MASCARAS AFRICANAS







AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE AFRICANA



Algumas sociedades africanas formaram grandes reinos, como o Egito, o Mali, Songai, Oiô, Axante e Daomé. Outras eram agrupamentos muito pequenos de pessoas que caçavam e coletavam o que a natureza oferecia ou plantavam o suficiente para o sustento da família e do grupo. Mas todas, das mais simples às mais complexas, se organizavam a partir da fidelidade ao chefe e das relações de parentesco. O chefe da família, cercado de seus dependentes e agregados, era o núcleo básico de organização na África. Assim, todos ficavam unidos pela autoridade de um dos membros do grupo, geralmente mais velho e que tinha dado mostras ao longo da vida da sua capacidade de liderança, de fazer justiça, de manter a harmonia na vida de todo dia. 





Nas aldeias, que eram a forma mais comum de os grupos se organizarem, havia algumas famílias, cada uma com seu chefe, sendo todos subordinados ao chefe da aldeia. Ele atribuía ao castigo às pessoas que não seguiam as normas do grupo, distribuía a terra pelas diversas famílias, liderava os guerreiros quando era preciso garantir a segurança. O chefe era o responsável pelo bem-estar de todos os que viviam na sua aldeia, e para isso recebia parte do que as pessoas produziam, fosse na agricultura, na criação de animais, na caça, na pesca ou na coleta. As suas decisões eram tomadas em colaboração com outros líderes da aldeia, chefes das várias famílias que dela faziam parte. 





Havia assim um conselho que ajudava o chefe a governar, no qual os responsáveis pelos assuntos ligados ao sobrenatural eram muito importantes. Se a forma básica de organização dos grupos girava em torno das relações de parentesco, a orientação de tudo na vida era dada pelo contato com o sobrenatural; com os espíritos da natureza, com antepassados mortos e heróis míticos, que muitos grupos consideravam os fundadores de suas sociedades. Todo conhecimento dos homens vinha dos mais velhos e dos ancestrais, que mesmo depois de mortos continuavam influenciando a vida. 





Várias aldeias podiam estar articuladas umas com as outras, formando uma confederação de aldeias, que prestava obediência a um conselho de chefes. Nesses casos, cada uma delas obedecia ao seu chefe e decidia sobre seus assuntos, mas em certas situações aceitava a liderança do conselho, que tomava decisões relativas ao conjunto de aldeias e não a uma ou outra em particular. Casamentos entre pessoas de diferentes famílias e trocas de produtos eram os principais motivos que faziam que várias aldeias mantivessem contato. As confederações eram formas de organização social e política mais amplas do que as aldeias, que envolviam mais pessoas, mas nas quais não havia um chefe com autoridade sobre todos os outros, pois as decisões eram tomadas por representantes do conjunto de aldeias que participavam desse sistema. 





De uma sociedade com uma capital, na qual morava um chefe maior, com autoridade sobre todos os outros chefes maior, dizemos que era um reino. Nele, as aldeias e grupos de várias aldeias formavam partes de um conjunto maior. As formas de administrar a justiça, o comércio, o excedente produzido pela sociedade, a defesa, a força militar, a expansão territorial, a distribuição do poder eram mais complexas do que nas aldeias e confederações de aldeias. Nas capitais dos reinos havia concentração de riqueza e poder, de gente, de oferta de alimentos e serviços, de possibilidades de troca e de convivência de grupos diferentes. Os reinos africanos tiveram tamanhos variados, mas geralmente eram pequenos, existindo poucos com dimensões maiores. 


Além das aldeias, das confederações, dos reinos e dos grupos nômades (que podiam tanto ser pastores do deserto como coletores e caçadores das florestas), havia sociedades organizadas em cidades, mas que não chegavam a formar um reino. Essas cidades geralmente eram cercadas, fosse paliçadas, fosse de muros feitos de terra. Também eram centros de comércio, onde diferentes rotas se encontravam. Por trás dos muros funcionavam os mercados, moravam os comerciantes e os vários chefes, que tinham diferentes atribuições e viviam em torno do rei, Este morava em construções maiores que todas as outras e com decoração especial, cercado de suas mulheres (praticavam a poligamia). Dependentes, funcionários, colaboradores e soldados. Artesãos se agrupavam conforme suas atividades: os que fiavam, tingiam e teciam o algodão e a lã, os que fundiam o ferro, faziam armas e utensílios de trabalho, os que faziam jóias, potes de cerâmica, esteiras de palha, bolsas de couro e arreios. Nos arredores das cidades viviam agricultores e também os que estavam de passagem. 

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Trabalho Africano


A escravidão já existia na África antes da chegada dos europeus no século XV







Durante muito tempo, acreditou-se na ideia de que a escravidão ocorrida na África fora mais branda e humanista se comparada à escravidão praticada na América até o século XIX. Muitos defendiam a tese de que o cativo era absorvido pelo povo que o capturava, caracterizando uma escravidão exclusivamente de cunho doméstico, mas, conforme veremos, a escravidão na África não ocorria somente neste formato.

No presente texto, nosso principal objetivo é analisar a escravidão existente na África e comparar com a escravidão presente no Novo Mundo. No entanto, não podemos comparar a brutalidade da escravidão na África com a da escravidão na América. “Qual escravidão foi mais brutal com os escravos, a africana ou a americana?”. Essa pergunta não tem resposta, pois os parâmetros utilizados por cada forma de escravidão pautam-se na realidade social, política e cultural específica de cada continente.

Porém, sabemos que a relação entre senhor e escravo, tanto na África como na América, sempre foi baseada na violência, nos castigos e nas punições disciplinares. Além disso, as pessoas foram retiradas dos meios em que viviam, separadas de suas famílias, obrigadas a aprender outros idiomas e outros costumes, além de terem sido humilhadas e torturadas. Todas essas características foram chamadas de processo de desterritorialização, que ocorre quando indivíduos são retirados à força de seus territórios para outros territórios muitas vezes inóspitos.

A partir de então, é preciso se conscientizar de que toda forma de escravidão é desumana e violenta. O escravo se encontrava em posição de subordinação e nunca foi tratado como igual, por isso devemos questionar a ideia de que na África a escravidão havia sido mais branda e humanitária.

A escravidão africana se configurou como cruel e desumana, segundo a historiadora Marina de Melo e Souza[i]

“Desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistos como seus semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos sempre foram as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos de membro da sociedade por outros motivos, como a condenação por transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de pagar dívidas, ou mesmo de sobreviver independentemente por falta de recursos. [...] A escravidão existiu em muitas sociedades africanas bem antes de os europeus começarem a traficar escravos pelo oceano Atlântico”

(SOUZA, 2006, p. 47 apudMOCELLIN; CARMARGO, 2010, p. 174).

As pessoas se tornavam escravizadas na África principalmente por guerras. Outra forma de escravidão presente na África foi a escravidão por dívida: o indivíduo endividado passava a ser escravo do credor da dívida.

Sabemos que a escravidão já existia na África antes da chegada dos europeus no continente, mas a escravidão se tornou um negócio lucrativo tanto para os africanos que escravizavam, quanto para os europeus que traficavam escravos. A acentuação da escravidão na África aconteceu porque as vendas de escravos para a América se tornou uma lucrativa atividade.

Fonte:
http://www.brasilescola.com/historiab/escravidao-na-Africa.htm




Império de Gana



O Império de Gana localizou-se na região Sahelo-sudanesa. O Sahel é uma área entre o deserto do Saara e as florestas tropicais. No século IV, o período em que se formaram os Estados Nacionais, era uma área maior. Os soninquês, por exemplo, habitavam uma área saheliana que hoje já foi tomada pelo deserto. Isso porque, há 10 mil anos, uma parte relativamente pequena de deserto começou a se expandir e tomar as proporções gigantescas que o Saara tem hoje.










A adoção do dromedário permitiu que os berberes se tornassem senhores do deserto no século III. Com este meio de locomoção, o deserto deixou de ser um "mar" que separava, para unir o Mediterrâneo à África. A partir de então, as comunidades ditas “cameleiras” reduziram à obediência ou à servidão, habitantes do oásis e passaram a ter no saque, na proteção das caravanas e no comércio novos meios de aquisição de riquezas. Os povos agrícolas (do Sahel e da savana) receberam os rebanhos dos pastores (do deserto e do Sahel) e, vale lembrar, é nesse encontro de culturas que surge a escravidão. Porque os povos agrícolas estavam acostumados a receberem os berberes com seus rebanhos que necessitavam de pastos nos meses de estio. Então se praticava o comércio, os pastores berberes entregavam cavalos, leite, sal, e recebiam cereais e outros produtos da terra. Só que quando os pastores ficavam tempos demais, raptavam mulheres, profanavam locais sagrados e o resultado desses conflitos eram, muitas vezes, pessoas feitas cativas pelos nômades.

O comércio transaariano foi um fator permissivo do desenvolvimento dos Estados Nacionais e da escravidão, visto que passaram a incorporar o saque às suas atividades econômicas, ou seja, o respeito entre nômades e sedentários já não existia mais, é possível que um desses grupos tenha se imposto como nobreza armada aos sedentários, acelerando o processo de escravidão política e criação de Estados. Mas, segundo Alberto Costa e Silva, é mais provável que pela pressão dos nômades sobre as terras dos agricultores, estes tenham reforçado suas estruturas de poder local para melhor resistir.

O Império de Gana surgiu por volta do século IV como Estado centralizado. As fronteiras ocidentais seguem a linha do rio Senegal; as orientais perto de Tombuctu; embaixo são delimitadas pelo rio Níger e acima pela linha de Tebferilla. Costuma-se dizer que a origem do Império Gana remonta aos soninquês. O soninquê é um povo que habitou o Saara Ocidental antes dessas áreas se desertificarem - antes de Cristo. Ki-Zerbo fala da hipótese descrita no Tarik al Fettach, que Gana teria sido originada por uma dinastia de príncipes brancos e que os soninquês teriam tomado o controle do Império quando de tanto se "cruzarem" uma dinastia puramente negra surgiu. Mas a hipótese é frágil por que fora escrita 12 séculos depois do acontecimento e serve mais do que outra coisa para dar prestígio para as famílias nobres depois da dominação islâmica. A origem com os soninquês é a que parece mais aceitável, pois eles teriam se fortalecido e se fechado para se defender de ataques.

Para tratar da organização política de Gana, é importante frisar alguns conceitos, como o de Estado, o qual, segundo o Dicionário Aurélio, seria um povo que ocupa determinado território, sendo dirigido por um governo próprio - a idéia de Estado estaria ligada à de nação soberana ou divisão territorial. O Império seria um governo com influência dominadora. Império, visto sob a perspectiva romana, estaria associado à expansão territorial. Reino, no Dicionário Aurélio, aparece como uma monarquia. Enquanto Monarquia seria uma forma de governo na qual o poder supremo é exercido por apenas um monarca. 

Por não possuir vontade de se expandir territorialmente, não ter tentado unificar todos os povos dentro de seus domínios, de acordo com a visão romana não podemos considerar Gana um Império. Segundo Alberto Costa e Silva, era um reino por ter um soberano, um sistema monárquico, mas também um Estado, por possuir governo próprio. Havia uma esfera de influências, vários povos próximos à Gana não respondiam diretamente ao rei, mas lhe pagavam tributo. A soberania não era exercida sobre a terra, mas sobre os homens. O monarca não estava interessado em ampliar seu poder pela adição de novos territórios, mas em submeter números crescentes de grupos humanos que lhe pagassem tributo e pudessem fornecer soldados.

Quanto à sucessão ao trono, ela era matrilinear: era o filho da irmã do rei que lhe sucedia. Segundo Ki-Zerbo, o escritor árabe Al Bakri diz que era para assegurar que o sucessor fosse sempre de sangue real, já que seu filho poderia não ser realmente seu filho. Mas Ki-Zerbo também cita Cheik Anta Diop, para dizer que o sistema matrilinear foi prática comum aos povos africanos e ligada ao seu caráter agrícola e sedentário.

Estima-se que na segunda metade do século IX os azenegues tenham conquistado Audagoste, fato de extrema importância para compreender os motivos que levaram Gana ao seu apogeu. Os azenegues figuravam entre os berberes. Dividiam-se em grandes grupos e controlavam rotas comerciais. Enquanto isso, Audagoste era uma pequena cidade, segundo o Costa e Silva, fundada por volta do século sete. Apesar de recente, era um centro agrícola, artesanal e mercantil. Os azenegues conquistaram Audagoste na segunda metade do século nove. O grande chefe azenegue vivia no deserto e ia de vez em quando a Audagoste. Esta e Gana se completavam. Audagoste controlava o comércio de sal e a saída para o deserto e Gana o ouro e as trilhas para a savana e o cerrado. De acordo com Costa e Silva, no início do século XI os soniquês subiram até Audagoste e lá puseram seu rei. Assim, o poderio de Gana atingiu seu apogeu, com seu soberano dispondo de grandes forças militares.

Os arqueiros militares eram em torno de 40 mil durante o apogeu. Usavam arcos pequenos e flechas com bico de ferro. O alcance da arma era curto, mas os arqueiros eram temidos e decisivos nas batalhas. Uso de eqüinos segundo Costa e Silva, Al Bakri diz que os eqüinos de Gana eram pequenos. O desconhecimento da sela, do estribo e do freio reduzia o impacto do cavalo como animal de guerra. Mas não os excluía das batalhas, já que a montaria fornecia certa mobilidade. O cavalo aparecia como sinal de prestígio. É também provável a existência de tropas camaleiras, inclusive o uso do dromedário para a captura de escravos. A infantaria era a força básica do Exército de Gana, sendo mais de 100 mil soldados, a qual demonstra, portanto, a força militar alcançada pelo Império. 

O cavalo, visto que era ligado à pompa do estado, era o transporte do soberano. O gana só montava a cavalo e percorria a cidade, duas vezes entre cada levantar e pôr-do-sol, acompanhado pelos grandes do reino. A comitiva era precedida por tambores e pífaros, sendo os tambores utilizados em rituais ligados à religião e à corte, como mais tarde seria comum em quase todos os desfiles reais por África. Parece certo que havia tambores especiais para cultos religiosos e cerimônias da corte. O gana estava vestido de túnica, assim como o herdeiro presuntivo. O gana e seus escravos, cavalos cerimoniais e cachorros andavam ornamentados com muito ouro. Aos súditos era vedado usar túnicas ou roupas que sofressem costura, apenas podiam usar longos cortes de tecido, quando as posses o permitiam. Ao verem o gana, jogavam areia sobre suas cabeças. Os muçulmanos aplaudiam o rei. 

Quando morria o gana, erguia-se uma grande cabana de madeira para acolher seu corpo. Ali se colocavam suas vestes, suas armas, os objetos que usara para comer e beber, e comida e bebidas. Conduziam-se para dentro do que seria o túmulo os criados que tinham servido ao rei. Ki-Zerbo diz que isso era para prevenir que não ocorreriam envenenamentos. Vedava-se a porta. O povo jogava terra sobre a cabana, até que houvesse uma espécie de colina. Ao redor, cavava-se um fosso. Ao morto, eram oferecidos sacrifícios humanos e bebidas fermentadas.

O ouro era taxado em forma de tributos ao gana, para manter sua numerosa corte. O minério refinado era para o rei, já o ouro em pó era de quem encontrasse. A obtenção de ouro é um processo curioso. Passadas as cheias, cavavam-se poços quadrados, de uns 75m de lado, que raramente iam abaixo dos 20m. À medida que os poços desciam, suas paredes iam sendo reforçadas por vigas de madeira e nos lados uma grade de varas que servia também de escada por onde baixavam os mineiros. Cavavam-se túneis horizontais e mandavam em cabaças o minério para a superfície e este era catado pelas mulheres ao entardecer. São hipóteses levantadas de como se extrai atualmente. 

O ouro viria ali ter não só de Bambuk e Buré, mas também de Lobi. E. Jenné poderia já ser então seu importante entreposto. Há uma hipótese mais simples: situando-se Bambuk dentro da forquilha formada pela confluência do Falemé com o Senegal, teria sido confundido com uma ilha. O sal, artigo raro, era permutado muitas vezes por igual peso de ouro, ou mesmo o dobro. As principais rotas utilizadas para o entreposto de sal e outras mercadorias do Magreb pelos lingotes de ouro eram: Gana a Sijilmessa, Tafaza, Audagoste e Tagante(azenegues). De Gana a Sijilmessa se atravessava durante dois meses desertos absolutos, pelos quais se podia marchar 14 dias sem encontrar água. A de maior fortuna teria sido a que passava por Tagaza, um centro onde se trocavam as mercadorias do Magreb pelo sal que se ia vender no Sudão. Já no Audagoste e no Tagante, as rotas eram controladas pelos azenegues, que se haviam convertido a um maometismo exigente e militante.

Os zanatas controlavam o comércio na cidade de Sijilmessa e também alguns entrepostos em Audagoste. Com o desejo de também ter por seu domínio estes entrepostoso, os Almorávidas se lançam cada vez mais ao sul do Marrocos e passam a ter um controle mais eficiente nos comerciantes zanatas de Audagoste.

Com o impasse que se seguia entre os azenegues do deserto, Abubacar se retira do Marrrocos e deixa no seu lugar Yusufe Ibne Tashfin, que era seu primo, e também sua mulher Zoinabe, de quem se divorcia. Passada a ruputura que afluía no deserto, Abubacar volta ao Marrocos, porém seu primo não lhe devolve o poder em partes.
Paralelo ao desmembramento em duas “facções”, a do norte e a do sul, ambas cada vez mais buscavam expandir seus domínios, o que acarretará mais adiante na morte de Abubacar em 1070, em uma homogênea ocupação Almorávida do ebro ao Sael, sob o comando de Yusufe.

As “tribos” azenegues estavam cada vez mais inerentes ao domínio almorávida que se concentrava no Marrocos. Desta maneira, o declínio começava a se assentar nas várias tribos azenegues que passaram a oferecer ataques repentinos aos “grandes senhores Almorávidas”.

Os almorávidas deixaram grande contribuição para a islamização de grande parte das populações do norte do Sudão Ocidental, sobretudo os soninquês que iriam se transformar em fervorosos catequistas, além de um rompimento com o equilíbrio entre a agricultura e a pecuária existentes no Sael, substituindo terras que eram cuidadosamente lavradas por campos de pastoreio e a conversão pelos azenegues a seu modo de vida de alguns núcleos que abandonaram a lavoura pela criação de gado e aderiram ao nomadismo. Com os rebanhos numerosos, cedo desertificaram o que então era o Sael e saelizaram o que então era savana. Certos reis e nobres sudaneses começaram a usar até mesmo o véu sobre o rosto, o litham.

Em 1203 ou 1204, os Sossos tomaram militarmente Gana e muitos mercadores soninquês emigraram para outras terras, especialmente para um lugarejos que crescerá com o nome de Ualata e se transformará no mais importante porto caravaneiro do Sudão Ocidental. 


O Império de Songhay



Songai foi o último grande estado mercantil-tributário do Sudão Ocidental. Com ele interrompeu-se o processo de ascendente das civilizações negras na região. 

O Reino Gao alcançou invulgar poder e riqueza antes de se dissolver as condições que haviam dado origem ao importante movimento civilizatório. As origens do Império Songai, como o reino de Gana e de Mali, são praticamente desconhecidas. Sabemos de populações songais vivendo em regiões do Kukia (afluente do Níger), divididas em dois grandes grupos: os sorkos, pescadores, e os gous, caçadores.

Grande Mesquita de Djenné

Segundo a tradição oral, estas populações eram governadas por um chefe-sacerdote (kanta) e o povo era tiranizado por um peixe monstruoso. Um estrangeiro chegado do Iêmen matou o animal e fundou a dinastia Dia, que passou a controlar o pequeno reino. 
O décimo-quinto Dia teria se convertido ao islamismo, sob a influência dos comerciantes muçulmanos de Gao e transferido para esta cidade a capital do reino. Gao, nesta época, despontava como centro mercantil e enriquecia-se devido à crescente importância das rotas comerciais saarianas do oriente. Como no caso de Gana, o senhor africano e sua gente não viviam em Gao, que era reservada aos comerciantes islamizados. Habitava uma aglomeração urbana próxima àquela cidade. Os pescadores songais controlavam o comércio fluvial do Níger, principalmente o do valioso sal. 
O reino de Songai foi conquistado por Mali, na Segunda metade do século XIII. Seus príncipes reais tiveram que deixar suas terra para servirem, como oficiais, nos exércitos de Mali.



Príncipe Soni.
Um príncipe Songai, entretanto, voltou fugido para sua gente e libertou pequena parcela dos territórios songais. Gao e a ex-capital política do reino continuaram nas mãos de Mali. Este senhor rebelde tomou o título de Soni e fundou uma nova dinastia. Com a decadência do império mandinga, os sonis começaram a crescer em poderio. Na Segunda metade do século XV, um soni, Ali, O Grande, derrotou oimpério Mali e fundou o mais importante império comercial-tributário do Sudão ocidental. Este senhor mostrou-se um grande general e estadista. Depois de estender os territórios nacionais com brilhantes campanhas militares, administrou o império através de governadores, construiu canais de irrigação e formou uma importante flotilha no Níger, entre outras realizações.

Dinastia Áskia

Quando soni Ali morreu em l492, foi substituído por seu filho que como Soni Ali, era também o chefe do partido antimuçulmano.

Entretanto dois anos depois, o poder foi tirado das mãos deste filho. Um ex-general de Soni Ali derrotou o novo senhor e tomou o poder.

Mohammed, de origem sarakolê, fundou a dinastia Áskia e aliou-se ao partido muçulmano. No inicio de seu império viajou a Meca (1496-l497), escolheu auxiliares entre os letrados muçulmanos de Tumbuctu e fez-se investir como califa do Sudão Ocidental pelo xerife de Meca. Foi sob o reinado do novo senhor que o império de Songai alcançou seu máximo apogeu.

O Áskia Mohammed foi um grande conquistador e estadista. Dividiu o império Gao em quatro vice-reinos, organizou um sistema regular de arrecadação de impostos, unificou os pesos e as medidas, explorou as salinas de Teghazza, fortaleceu a flotilha do Níger e, pela primeira vez no Sudão Ocidental, formou um exército regular constituído de escravos e prisioneiros.

O Império de Songai não foi um mero sucessor das duas formações negro-africanas anteriores. Ele superou qualitativamente o reino de Gana e o império de Mali. Gana restringiu-se, no geral, aos territórios do povo Sarakolê. Mali e Songai, ao contrário, foram impérios que abarcaram etnias e populações muito amplas do que respectivamente, os povos mandingas e Songai. O último império, no nível poético e organizativo, ultrapassou os dois anteriores. Começava-se viver plenamente uma organização estatal com classes antagônicas e com um aparato administrativo que aos poucos se distanciava da organização gentílica e tribal. O Estado Gao possui pela primeira vez no Sudão ocidental, um exército profissional e uma arrecadação sistemática de impostos. É também sintomático que o fundador da dinastia Áskia tenha sido um Sarakolê e não um Songai, que continuou sendo a etnia base do império.
Com 86 anos, o Áskia Mohammed foi destituído por seu filho. O Império iniciava a sua decadência, apesar da grandeza que vivia. Songai controlava importantes territórios ao sul, o antigo reino mali, diversos Estados hauça, etc. Entretanto, a sua soberania era imposta às províncias estrangeiras através do terror. As populações dominadas esperavam a hora em que poderiam liberta-se. O Filho de Mohammed viu seu poder debilitar-se lentamente. O Império Songai desagregou-se durante o último reinado Áskia, Ishaq II (l588 –l591).

Nas últimas décadas do Século XVI, os senhores muçulmanos do Marrocos voltaram os olhos para as riquezas do Império Songai, tentando responder à séria crise que Marrocos vivia. Por outro lado, os portugueses aferravam-se firmemente às costas marroquinas. Por outro lado, a crescente importância das linhas mercantis orientais controladas por Songai determinava que as rotas do Sudão Ocidental/Magrebe perdessem importância. O deslocamento mercantil, profundamente prejudicial ao Marrocos, devia-se à crescente insegurança do Saara Ocidental, aos melhores preços dos mercados orientais e à própria localização dos territórios nacionais gaos.

O Reino do Kongo



Na região do terceiro grande rio do continente, o rio Congo (ou Zaire), também se desenvolveram diversas sociedades com Estados centralizados. A ocupação dessa região por povos que trabalhavam o ferro e praticavam a agricultura e a pesca é muito antiga, datando do início da era cristã ou mesmo antes. Esses povos faziam parte de um grande grupo linguístico, os Bantu, e saíram há mais de 2,5 mil anos da região entre os atuais Camarões e Nigéria em direção ao sul, ocupando hoje toda a porção central e sul do continente africano.

A história dessa ocupação é baseada na guerra, mas também na expansão da tecnologia, principalmente a do uso do ferro: os povos submetidos aprendiam a fazer instrumentos de ferro para serem usados na agricultura, na caça, na pesca e na guerra. Em troca, tinham que pagar impostos.




Reis Congo



Foi provavelmente assim que começou a história do Reino do Kongo, quando no fim do século XIV, um grupo de estrangeiros dominou os povos que viviam ao sul da foz do rio Congo, estabelecendo ali um reinado, cuja capital se chamava Mbanza Kongo. Os impostos pagos ao rei pelos agricultores das aldeias e o comércio geraram uma riqueza que sustenta o luxo da corte real e que tornou a vida econômica da região muito dinâmica: comerciava-se sal, tecidos, metais, azeite de dendê, animais. Pequenas conchas, do tipo búzio, serviam de moeda. Os povos do Reino do Kongo as importavam da ilha de Luanda, mais ao sul, que hoje é a capital de Angola.




Audiência Reino do Congo

Nas aldeias, porém, o poder era exercido pelo chefe das famílias mais importantes. Acreditava-se que o chefe podia se comunicar com os ancestrais da família. Daí vinha seu poder, já que os ancestrais eram considerados responsáveis pela prosperidade da aldeia. A fertilidade da terra, dos animais e até das mulheres dependia das bênçãos dos ancestrais. Mas, para isso, os homens deveriam apresentar oferendas a eles. A relação com o mundo dos antepassados era fundamental para garantir a própria existência do povo do Reino do Kongo, os Bakongo.

Contato entre Bakongos e Portugueses

Alguns símbolos dos Bakongo estavam relacionados aos ancestrais, como a cor branca e o próprio oceano, visto como a morada dos mortos. Além disso, a cruz era para eles um símbolo de passagem, uma espécie de encruzilhada entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Imagine então o que pensaram os Bakongo quando, em 1483, viram chegando pelo oceano, em embarcações que para eles eram estranhíssimas, homens brancos, e além de tudo segurando uma cruz.

Eram os navegadores portugueses, liderados por Diogo Cão. Eles chegavam à foz do rio Zaire, explorando a costa africana em busca de riquezas e com o objetivo de expandir o domínio de Portugal e da fé cristã pelo mundo. Mas, para os Bakongo, os portugueses não poderiam ser nada além de ancestrais que saíram do fundo do mar para ensinar-lhes novos costumes e trazer novos tipos de mercadorias, instrumentos e armas.

Provavelmente por causa desse engano o rei do Kongo e a nobreza logo se converteram ao catolicismo, trataram de aprender a falar, ler e escrever em português e até mandaram embaixadores carregados de presentes aos navios que voltariam a Portugal destinados ao rei daquele país. Quando voltaram ao Kongo, os portugueses continuaram encontrando boa vontade por parte dos Bakongo e puderam construir igrejas na Capital Mbanza Kongo, além de negociar nos mercados. Mas logo começaram a fazer aquilo que se tornaria o mais lucrativo de todos os comércio, o tráfico de escravos. Em meados do século XVI, o rei do Kongo, batizado de Afonso I, escreveu uma carta ao rei de Portugal reclamando dos abusos que estavam sendo cometidos pelos traficantes de escravos, que capturaram até mesmo membros da família real.

A partir daí os Bakongo começaram a se dar conta de que aqueles homens não eram seus antepassados que haviam voltado. Quando perceberam que o interesse dos portugueses era o lucro com o comércio de escravos, já era tarde: o poder do rei já havia se desorganizado e ele perdera parte do controle sobre a arrecadação de impostos. Muitos chefes já haviam se rebelado contra seu domínio, fazendo alianças diretamente com os portugueses. Intensas lutas pelo poder tiveram início, e a estabilidade do reino começou a ruir.

O reino foi invadido por povos inimigos em 1568 e não conseguiu se reerguer até 1641, quando subiu ao trono um monarca que passou a combater os portugueses. Em 1665, porém, os Bakongo foram derrotados pelos portugueses (apoiados pelos guerreiros do povo Imbangala) na batalha de Ambuíla. Depois disso, o Reino do Kongo entraria em decadência política e econômica.

Apesar de até hoje haver um rei do Kongo, que representa uma chefia local dentro do Estado angolano (assim como muitas outras chefias tradicionais que continuam a existir dentro dos modernos Estados africanos), ele nunca mais teve a autonomia que possuía antes da chegada dos portugueses. Os Bakongo, porém, nunca deixaram de se ver como um povo com história, tradições e cultura próprias, alimentadas pelos valores e visão de mundo peculiares a esse povo, que se evidencia na rica tradição nas artes plásticas e nas narrativas orais.

Fonte: Nelson Piletti. Claudino Piletti. História e vida integrada. ensino fundamental.





O Império Kush




O Egito antigo estabeleceu constantes relações com os povos vizinhos, muitas vezes impondo uma situação de domínio. Entre 2600 a.C. e 1700 a.C., por exemplo, manteve sob controle as sociedades da região da Núbia, onde hoje se localizam o Sudão e a Eritreia. 

A partir de 1700 a. C., porém, os núbios construíram uma sociedade autônoma, capaz de fazer frente aos poderosos egípcios. Conhecida como Império Kush, essa sociedade reunia uma população predominantemente urbana, com a presença de um pequeno grupo de letrados. 

Segundo pesquisadores, o Primeiro Império Kush sobreviveu por 200 anos, período em que foi governado por oito soberanos. Por volta de 1500 a.C., os egípcios antigos voltaram a dominar a região. Com isso, parte da aristocracia local se transferiu para a cidade de Napata, mais ao sul, no atual Sudão. 

Na área, por volta de 1100 a.C., os descendentes dessa aristocracia ergueram o que ficou conhecido como Segundo Império Kush.




Sítio Arqueológico situado na Antiga Méroe, capital do Império Kush, no atual Sudão. As sepulturas reais construídas entre os séculos VII a. C. e IV da Era Cristã



Em 750 a.C. invadiram o Egito antigo, de onde foram expulsos pelos assírios, em 663 a.C. Nessa época, governado por um soberano, acredita-se que o Império Kush reunia cerca de 500 mil habitantes.


A principal atividade econômica era o comércio, sobretudo intermediando o fluxo de mercadorias entre a África subsaariana e as sociedades próximas ao mar Mediterrâneo.

A partir do século IV d.C., não há mais registros da permanência do Império Kush que, ao que tudo indica, foi dominado pelo Império Axum.



Nelson Piletti, Claudino Piletti, Thiago Tremonte. História e vida integrada. ensino fundamental



Catargo






Cercada de lendas, esta cidade nasceu no norte da África. Seu fim foi triste a ponto de fazer chorar um general romano.

Cartago foi uma potência do mundo antigo, disputando com Roma o controle do Mar Mediterrâneo. Dessa disputa originaram-se as três Guerras Púnicas, após as quais Cartago foi destruída.



A lenda



Das cidades fenícias, Tiro era a mais importante, chamada a pérola do oriente. Grandes comerciantes, exímios navegantes, os fenícios compravam, vendiam e dominavam os mares, povo pacífico, sua riqueza se baseava no comércio.

A história ou lenda da fundação de Cartago começa por volta de 814 a.C. nos versos do poeta Virgílio.

O rei de Tiro, Mutto, tinha dois filhos, Pigmalião e Elisa. Com sua morte eles herdam o reino.



Pigmalião desejando governar sozinho, mata o marido de Elisa. Esta de nada sabe e continua pensando que o marido estava vivo. Até que um dia, Sicharbas (o marido) aparece no sonho de Elisa e lhe conta toda a verdade, pedindo para que ela fuja de Tiro.
Para a fuga, ela desenterra o tesouro que o falecido marido lhe indicara onde estava. Na surdina, Elisa prepara navios, escravos e convence os nobres descontentes a se juntarem a ela. Assim ela foge rumo ao ocidente.
Seus navios fazem escala em Chipre onde embarca o sacerdote de Zeus e 80 virgens que Elisa leva, para se casarem com os nobres tírios embarcados.
Desse ponto em diante, Elisa passa a ser chamada Dido, A Errante



Como começou

Cartago foi fundada pelos tírios, mesmo observando a lenda, Dido era tíria. Tiro era uma cidade da Fenícia e o povo fenício era um caso a parte, na época.

Os fenícios eram um povo de origem semita que provavelmente vinham do Golfo Pérsico ou da Caldéia. Acredita-se que tenham chegado as terras que hoje formam o Líbano por volta de 4000 a.C.

As cidades-estados fenícias funcionavam como uma federação e capitaneadas pela cidade de Tiro, fundaram entrepostos comerciais em parte da Sicília, sul da península Itálica, no litoral da península Ibérica e no norte da África, onde surgiu o entreposto que se tornou a famosa Cartago.

A cidade de Cartago foi fundada em 814 a.C. e em 500 a.C. a cidade já era poderosa. Os fenícios dominavam a metalurgia, fabricavam ligas de ouro e outros metais, faziam armas e objetos de cerâmica. Mas, seu grande poder vinha de sua frota naval.

Nessa época, Roma estava nascendo, era uma pequena cidade da Itália enquanto Cartago era a dona do Mediterrâneo.

Um povo nada belicoso, que se desenvolveu através do comércio e não de guerras, hábeis navegantes que usavam sua capacidade naval apenas para negociar. Fundaram entrepostos comerciais em diversos pontos do Mediterrâneo, mas nunca ocuparam mais terras do que o necessário e nunca atacaram outros povos gratuitamente.

Nenhum dos muitos entrepostos fenícios foi como Cartago.

A cidade de Cartago era envolvida por uma muralha e possuía prédios de vários andares. Através dos vestígios encontrados, se sabe que, a cidade alta ficava na colina de Byrsa, a cidade baixa rodeava o porto.

Os estudos atuais praticamente comprovam a existência dos famosos portos de Cartago. Havia um porto para os navios mercantes e outro para os navios de guerra.Poder e riqueza

Cartago, por estar afastada fisicamente da Fenícia, prosperou enquanto no oriente, as cidades-estados fenícias foram atacadas pelos assírios e depois pelos babilônios.


No perímetro do mar Mediterrâneo era Cartago quem dava proteção aos entrepostos fenícios.
Politicamente, Cartago era uma talassocracia assim como a Fenícia, um Estado governado por homens ligados ao mar.

Os cartagineses não possuíam exército e nem confiavam nos militares. Se fosse preciso, contratavam mercenários, que eram liderados por generais cartagineses.Havia uma constituição, o chefe de Estado era um juiz chamado Sufete, mas quem de fato tomava as decisões, era o Senado e seus 300 membros.

O povo era pacífico e se fosse possível evitava guerras.

Os cidadãos de Cartago eram alfabetizados e davam especial valor ao desenvolvimento profissional. Vamos dizer que Cartago se tornou uma república aristocrática, era uma região muito rica e cobiçada.

O cronista Diodoro de Sicília conta, que lá havia pomares e jardins, rios canalizados, casas de campo luxuosas. As terras eram cultivadas com vinhedos e oliveiras, além de outras árvores frutíferas. Havia gado, rebanhos de ovelhas e cavalos.

Os tempos de paz permitiram que Cartago usufruísse do que havia de melhor. 

Religião

O povo de Cartago conservou as crenças religiosas dos fenícios. Tanit era a Senhora de Cartago, Baal Hamon, Eschmun, Melqart e Astarte eram alguns dos deuses principais.
É possível que ali fossem praticados sacrifícios humanos ao deus Baal. Foram encontrados no Tofet jarras contendo ossos carbonizados de crianças. Talvez o Tofet fosse um cemitério, não há nada ainda, que aponte o uso exato do local.Os estudiosos ainda não estão certos quanto ao uso do Tofet. Essa é uma palavra hebraica e significa, santuário a céu aberto.
Os cartagineses davam mais importância à monogamia e eram mais severos com os assuntos religiosos do que os fenícios orientais.

O controle do Mediterrâneo

Com a queda de Tiro, em 332 a.C. a hegemonia passou para Cartago, que se tornou a grande potência do Mediterrâneo ocidental, dominando os entrepostos da Sicília, Sardenha, Córsega e Espanha.A partir de 800 a.C., a Fenícia fez parte, sucessivamente, do Império Babilônico, do Império Persa e do Império Macedônico.
Os gregos, nessa altura, estavam aprendendo tudo o que podiam sobre navegação e construção de barcos com os seus até então parceiros, fenícios.
Por causa de seu interesse sobre a Sardenha e a Sicília, os gregos resolveram testar os fenícios.
No oriente, a Fenícia não dava conta dos ataques de Nabucodonosor II e quem saiu em defesa dos interesses fenícios foi Cartago, assim se afirmando como a potência maior.

Gregos e cartagineses se enfrentaram inúmeras vezes durante várias gerações pelo monopólio do Mediterrâneo, que acabou nas mãos dos romanos.

Guerras Púnicas

Os cartaginenses, montados em elefantes, enfrentam os romanos na batalha de Zama, durante a Segunda Guerra Púnica, que resultou na derrota para o povo de Cartago

Púnico – latim = poeni

Esse era o nome pelo qual os romanos chamavam os cartagineses.
Por volta de 300 a.C. Roma já começava a se tornar um Estado militarizado, mas não possuía uma frota, muito menos navios da qualidade dos cartagineses.
Era preciso saber como eram feitos aqueles navios.O fato de Cartago superar os gregos, e sua marinha poderosa manter o controle sobre as ilhas cobiçadas pelos romanos, como a Sardenha, fazia com que Roma os invejasse.
A primeira guerra púnica começou com os romanos, que desrespeitaram um acordo de não invadir a Sicília. Os romanos perderam 700 navios e os cartagineses 400. Mas, a sorte estava com os romanos que capturaram um navio cartaginês.
Desmontado, o navio foi copiado e assim os romanos construíram uma frota e introduziram novidades, como o corvo, que era uma espécie de ponte móvel que usavam para abordar os barcos inimigos. Dessa forma partiam para a luta corpo a corpo que era onde se destacavam.
As guerra púnicas são conhecidas e muito estudadas, de modo que, é preciso apenas frisarmos que os cartagineses não eram afeitos a guerras e nem mesmo aos militares, e com isso levaram grande desvantagem.
É preciso mencionar também a coragem, a bravura de Amílcar e seu filho Aníbal cujo nome significa amado de Baal.


Aníbal, filho de Amílcar, aos nove anos jurou jamais ter relações amistosas com os romanos. Foi ele quem assumiu o comando dos cartagineses na península ibérica.Amílcar abafou a revolta dos mercenários que voltaram da primeira guerra derrotados. Conseguiu ocupar um terço da península ibérica, assim se fortificou e acumulou riquezas para enfrentar a segunda guerra.
Ao tomar a cidade de Sagunto foi ameaçado pelos romanos, mas não voltou atrás e foi assim que acendeu o estopim da segunda guerra púnica.
Homem de coragem, inteligência e um grande general foi durante muitos anos uma terrível ameaça para os romanos. Ele só foi derrotado porque seus mercenários mudaram de lado.
Aníbal voltou a Cartago derrotado, mas a despeito da antipatia dos cartagineses para com os militares, ele foi recebido como herói. O povo reconheceu sua coragem e bravura.
Entre a segunda e a terceira guerra púnica, os romanos conquistaram a Macedônia, Grécia, Ásia Menor e Síria.


O fim

O senador romano, Catão, decidiu tomar Túnis e para isso mandou o exército destruir Cartago. A ordem:Em 149 a.C. Cartago já não era mais ameaça para os romanos mas ainda detinha o território de Túnis (Tunísia).

Delenda est Carthago ou Cartago deve ser destruída.
O general encarregado dessa ingrata tarefa foi Capião Emiliano. Apesar dos seis dias de resistência, os romanos derrubaram as muralhas, a população foi assassinada, as casas demolidas, os que sobreviveram foram transformados em escravos e, dizem, sobre o solo espalharam sal para que nada mais germinasse.

O general romano Cipião Emiliano teria chorado após a vitória, quem sabe imaginando que Roma também pudesse vir a passar por tamanha violência ou talvez, com pena de arrasar uma civilização notável.


Ainda os romanos


Durante pelo menos cem anos, Cartago permaneceu ocupada pelos romanos, explica a arqueóloga Karin Mansel do Instituto Arqueológico Alemão.Toda a destruição mencionada acima ainda não tinha terminado.
No ano 29 a.C. Otávio Augusto (que viria a ser imperador) fundou sobre a colina de Byrsa a colônia Iulia Concordia Carthago.
Num trabalho que deve ter levado vinte anos, foi feita a nivelação do terreno e assim foi destruído todo e qualquer vestígio da Cartago fenícia.
Uma parte das edificações romanas ainda permanece como lembrança da destruição do coração de um grande império, de um povo notável com suas muralhas, templos e palácios, sua história lançada em escombros colina abaixo.


Outras Fontes:
http://almaviva.blogspot.com.br/2010/06/queda-de-cartago.html





Reino de Axum






A cidade de Axum foi aparentemente fundada por volta de 100 dC, mas a região circundante é habitada há milênios. A terra de Punt, mencionada pelos antigos egípcios como fonte de mirra, localizava-se possivelmente na zona de Axum. Por volta de 500 aC surgiu na área uma cultura pré-Axumita, chamada Da'amat, com ligações culturais com o sul da vizinha Península Arábica. De fato, desde o segundo milênio aC até o século IV dC, a região de Axum foi colonizada por imigrantes sabeus vindos da Península arábica. A influência da cultura dos sabeus é vista na arquitetura e na língua do Império, o ge'ez.



Parque das Estelas, em Axum.

Durante os primeiros séculos do primeiro milênio dC foram levantados, no campo de Mai Hedja, grandes estelas de pedra que recordavam grandes reis. Essa prática, que durou até cerca de 330 dC, terminou na época do rei Ezana, que converteu-se ao Cristianismo. Em total há 126 obeliscos em Axum, incluído o de maior tamanho conhecido, quase todos atualmente caídos e partidos em pedaços. A partir deste contexto, Axum foi sede de um dos estados mais poderosos da região entre oImpério Romano do Oriente e a Pérsia, cujo poder estendeu-se do século I ao XIII dC. O auge da cidade e do Império de Axum ocorreu no século IV dC, quando o território controlado abrangia a atual Etiópia, o sul do Egipto e parte da Arábia, no sul do atual Iêmem. O comércio marítimo, com rotas que chegavam até o Ceilão, era realizado através do porto de Adulis (na atual Eritreia). Segundo o autor grego anônimo do Périplo pelo Mar da Eritreia, datado do século I dC, Adulis exportavaescravos, marfim e cornos de rinoceronte. Relações comerciais foram mantidas com o Egipto (então umaprovíncia romana) desde o século I e com a Índia a partir do século III; o comércio continuou com o Egipto,Síria e o Império Bizantino até o século VII. A área da cidade chegou a cobrir 250 acres e estima-se que a população alcançou 20.000 pessoas no seu auge. A desaparição do Império de Meroe, por volta de 320, pode estar relacionado ao crescimento de Axum, que com isso pôde redirecionar o comércio de marfim dorio Nilo ao porto de Adulis. Sinal da importância econômica da cidade foi a cunhagem de moedas, que começou no século III e continuou até o século VII.

Obelisco do Rei Ezanas em Aksum


O Cristianismo foi adotado como religião estatal em 330, o que criou laços religiosos com o Egito (então cristão) e Bizâncio. Segundo a história, o rei Ezana foi convertido por Frumêncio, um monge sírio que foi mais tarde feito bispo pela Igreja Copta egípcia. A partir dessa época, os reis cristãos de Axum construíram palácios e igrejas, entre estas a primeira Igreja de Santa Maria, levantada em finais do século IV, segundo uma lenda, na área de um lago que secou milagrosamente. Achados arqueológicos e antigos textos mostram que a cidade contou com palácios e casas nobres de pedra com vários andares, mas a maioria das moradas em Axum eram de barro e cobertas de palha.

Segundo a tradição religiosa da Igreja Ortodoxa Etíope, recolhida na obra Kebra Nagast (século XIII), foi de Axum que partiu Makeda, a rainha de Sabá, para visitar o rei Salomão em Jerusalém. Ainda segundo a tradição, da união entre ambos nasceu Menelik, que após visitar o pai trouxe à Etiópia a Arca da Aliança, que até hoje estaria numa capela do complexo da Igreja de Santa Maria de Sião.



O comércio Transaariano


Tombuctu se encontrava na confluência de 4 rotas comerciais do Saara.

As rotas do comércio transaarino apresentavam inúmeras dificuldades: terreno acidentado, áreas montanhosas e alagadiças, grandes extensões de deserto. Para percorrê-las, era necessário utilizar animais adaptados a vários tipos de terreno e clima.

Primeiro, os povos africanos da região tentaram os bois, mas estes eram lentos e limitados; depois foi a vez do cavalo, introduzido aproximadamente em 1000 a. C. Apesar de ágil, o animal era difícil de ser encontrado e poucos podiam ter um.
A grande mudança veio quando passou a se utilizar o camelo, nos primeiros séculos da era cristã. Esse animal, fantasticamente adaptado às condições climáticas africanas, era capaz de transpor terrenos que nenhum veículo de rodas conhecido àquela época conseguiria.
Além disso, o camelo é capaz de passar um longo tempo sem beber água, o que lhe permite aguentar as longas travessias do deserto do Saara.
Com os camelos, os africanos puderam se movimentar em grandes grupos, não apenas através do Saara, mas também em direção ao sul. Aí, o domínio de uma sofisticada tecnologia de pesca e navegação possibilitou a formação de várias sociedades próximas à costa do Atlântico, onde hoje se localizam países comoAngola, Namíbia, Botsuana e África do Sul.
Nessa longa história dos povos africanos, algumas sociedades se tornaram mais conhecidas em virtude de sua longevidade, poder político e econômico. Ou em virtude das relações com povos de outros continentes, como persas, gregos antigos e romanos.

Outras Fontes:




http://www.lendas.orixas.nom.br/




O Tráfico Negreiro







Com a expansão marítima europeia, no século XV, e a conquista do Novo Mundo, os europeus necessitaram de mão de obra para os seus empreendimentos nas novas terras conquistadas (América). Primeiramente, escravizaram os indígenas, os nativos da América, porém essa escravidão foi proibida pela Igreja Católica.



Dessa forma, os portugueses, proibidos de escravizar os povos indígenas, tiveram que retornar ao continente africano e negociar a compra de escravos. A escravização de pessoas era uma prática antiga na África, no entanto, com os europeus empreendendo a compra de escravos naquele continente, o número de escravos aumentou.

Assim, no século XV, o tráfico negreiro, ou tráfico de escravos, assumiu enormes proporções. Os Estados europeus instalaram feitorias e portos de abastecimento de escravos no litoral africano. Nessas feitorias foram embarcados os escravos que vieram para as colônias europeias na América nos navios chamados tumbeiros.

Os negros africanos escravizados eram trazidos da África para a América pelo oceano Atlântico nos navios negreiros, denominados tumbeiros

Uma vez embarcados nos navios negreiros (tumbeiros), os escravos, oriundos de diferentes regiões e etnias africanas, eram tratados com extrema violência e recebiam pouca alimentação. Geralmente, eram maltratados e castigados sem nenhum motivo aparente e eram amontoados dentro dos navios tumbeiros em ambientes insalubres, propícios à proliferação de doenças.




A travessia pelo oceano Atlântico constituía o início do sofrimento dos africanos escravizados que se destinavam à América. A viagem da África para o Brasil durava de 30 a 45 dias, conforme o lugar de partida e o de chegada. Com a chegada ao Novo Mundo, os navios negreiros eram conduzidos a diferentes portos e localidades na América, mas quase sempre os escravos tinham um destino em comum: os mercados, onde eram comercializados como mercadorias, rendendo altos lucros para os traficantes de escravos.

No entanto, a partir de novas pesquisas realizadas por historiadores, não foram somente os europeus que organizaram o tráfico negreiro. Segundo o historiador Manolo Florentino (1997), no Brasil, nos séculos XVIII e XIX, várias pessoas se especializaram e investiram na compra de escravos na África. Muitos traficantes de escravos eram cariocas e mantinham as embarcações que traziam os escravos para o Novo Mundo. Quase sempre, os traficantes de escravos negociavam com os africanos com base no escambo, comercialização de mercadorias como aguardente, armas de fogo, pólvora, tecidos, entre outros, em troca das pessoas escravizadas. (FLORENTINO, 1997 apud JUNIOR, 2006).

A escravidão na América perdurou por quase quatro séculos e milhões de africanos vieram escravizados para as terras do Novo Mundo. A proibição do tráfico negreiro ocorreu no Brasil no ano de 1850, com a lei Eusébio de Queiroz.

FLORENTINO, Manolo. Em costas negras. In: JUNIOR, Roberto Catelli. História. Texto e Contexto. Volume único. Ensino Médio. São Paulo: Editora Scipione, 2006, p. 280 a 285.

Leandro Carvalho
Mestre em História


Outras Fontes:
http://www.dialetico.com/historia_2/historia_12.pdf
http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia33_pp67_86_Curto.pdf
https://sites.google.com/site/historia1958/7o-ano-escravidao-e-resistencia



O navio Negreiro



Cena filme Amistad



Navios negreiros ou navios tumbeiros eram os nomes dados aos navios que realizavam o transporte de escravos, originários especialmente da África, até o século XIX.



A partir de 1432 quando o navegador português Gil Eanes levou para Portugal a primeira carga de escravos negros vindos da África que os portugueses começaram a traficar os escravos com as Ilhas das Madeiras e em Porto-Santo. Mais adiante os negros foram trazidos para o Brasil.



A história dos navios negreiros é das mais comoventes. Homens, mulheres e crianças eram transportados amontoados em compartimentos minúsculos dos navios, escuros e sem nenhuma cuidado com a higiene. Conviviam no mesmo local, a fome, a sede, as doenças, a sujeira, os agonizantes e os mortos. Em média transportava-se 400 negros em cada compartimento desses.



Sem a menor preocupação com a condição dos negros, os responsáveis pelos navios negreiros amontoavam negros acorrentados como animais em seus porões que muitas vezes advinham de diferentes lugares do continente africano, causando o encontro de várias etnias e que por vezes eram também inimigas. Seus corpos eram marcados pelas correntes que os limitavam nos movimentos, as fezes e a urina eram feitas no mesmo local onde permaneciam. Os movimentos das caravelas faziam com que muitos passassem mal e vomitassem no mesmo local. Os alimentos simplesmente eram jogados nos compartimentos uma ou duas vezes por dia, cabendo aos próprios negros promover a divisa da alimentação. Como os integrantes do navio não tinham o hábito de entrar no porão, os mortos permaneciam ao lado dos vivos por muito tempo.

Quando o navio encontrava alguma dificuldade durante seu trajeto, o comandante da embarcação ordenava que os negros moribundos ou mortos fossem lançados ao mar, como alternativa para reduzir o peso do navio. Nestes casos, o mar acabava se tornando a única saída dos negros para a luz, antes de chegarem aos destinatários do comércio.

A organização da Companhia dos Lagos propunha-se a incentivar e desenvolver o comércio africano e dar expansão ao tráfico negreiro, sua viajem inicial motivou a formação de várias companhias negreiras, tais como: Companhia de Cacheu (1675), Companhia de Cabo Verde e Cacheu de Negócios de Pretos (1690), Companhia Real de Guiné e das Índias (1693) e Companhia das Índias Ocidentais (1636). No Brasil, devido ao êxito do empreendimento, deu-se a criação da Companhia Geral de Comércio do Brasil (1649).

Somente no século XIX que as leis proibiram o comércio de negros. Entre 1806 e 1807, a Inglaterra acabou com o tráfico negreiro em seu Império e em 1833 proibiu o trabalho escravo. No Brasil, mesmo após o tráfico negreiro ter sido proibido, a escravidão permaneceu até 1888.



Poema navio negreiro Falado (Castro Alves)


 A escravização do negro

BRASIL UMA HISTÓRIA INCOVENIENTE







Cena Novela Sinha Moça



A mão-de-obra escrava no Brasil colonial, tanto indígena quanto africana, representa um período de grande predominância dos europeus em relação ao restante do mundo.
Sabe-se, atualmente, que cada povo tem seu valor, sua cultura, sua história. Cada etnia tem valores, crenças e códigos de moral e ética que precisam ser relevados. Contudo, durante a colonização das terras brasileiras sob domínio português, tudo isso foi arrogantemente desprezado. Afinal, os europeus, incluindo os portugueses, eram detentores de conhecimentos tecnológicos e domínio das múltiplas ciências que os faziam “superiores” às demais raças espalhadas pelo mundo.
Os escravos africanos vieram substituir os índios por motivos diversos como: a melhor adaptação ao trabalho na agricultura e interesses econômicos por parte da coroa portuguesa. Eram capturados em suas tribos e trazidos para o Brasil como mera mercadoria. No entanto, tanto os negros como os índios, sempre apresentaram sinais de grandeza e dignidade. Por isso, creditar aos povos aqui encontrados a resistência e aos trazidos do continente africano a submissão é um grande erro.


Os negros também apresentavam resistência. Lutavam contra os seus dominadores, tinham ideais de liberdade, buscavam se organizar em busca da não escravização e tentavam se impor diante do homem branco. Mas os rigores da escravização do negro africano foi muito mais cruel do que do índio brasileiro. Somente o fato de serem arrancados de suas terras e das suas famílias já demonstrava otamanho da crueldade a que se submeteriam. Além do mais, os olhares portugueses eram bem mais depreciativos sobre o africano do que do índio. Poder-se-ia até dizer que o índio era menos igual ao português em relação aos demais povos europeus enquanto que o negro africano era considerado realmente diferente. Isto não apenas pela cor da pele, mas também pelo fator inteligência haja visto o tratamento animal a estes dispensados e a restrição de muitos na relação entre o homem branco e as mulheres negras ou do tratamento dado aos eventuais filhos oriundos dessas relações.
Podemos observar que o desenrolar dessa dramática história de subjugo não termina por aí. Afinal, quando o índio, por algum motivo deixasse de ser escravo, poderia novamente reunir-se ao seu povo. Mas e o africano, como voltar para o seu povo se um oceano inteiro o separava da sua terra natal? O resultado se vê até hoje, pois, a pobreza e a miséria ainda cercam a maioria dos descendentes dos escravos trazidos da áfrica sem que haja políticas específicas que busquem realmente atender às suas necessidades básicas,
É por isso que a escravidão, embora nominalmente abolida do nosso país, continua latente. As mesmas condições subumanas, as desigualdades, os trabalhos forçados, etc., observados no período colonial ainda existem na vida do negro e dos menos favorecidos.
Mas agora, não são os portugueses que escravizam. São os próprios brasileiros, cuja cor, pele, cabelo e sangue dão provas da miscigenação ocorrida ao longo dos séculos. Precisamos de políticas igualitárias que sejam eficazes e de uma educação mais democrática. Somente assim o Brasil será realmente livre.


 A senzala 



As senzalas eram alojamentos utilizados por senhores de engenho como abrigo para seus escravos. Construídas com barro, madeira, telha ou palha foram nomeadas por Joaquim Nabuco como “o grande pombal negro”. Elas existiram juntamente com aescravidão, ou seja, entre os séculos XVI e XIX.



Além de abafadas (por possuírem poucas janelas cercadas com grades) também eram desconfortáveis pela grande quantidade de pessoas alojadas ali. No mais, não possuíam divisórias e os seus “habitantes” se viam obrigados a dormir no chão – quase sempre de terra batida, em alguns locais, com palha. Há registros de senzalas que possuíam tarimbas: tábuas de madeira posicionadas a mais ou menos três pés de distância do chão. Apesar da precariedade, os homens dormiam separados das mulheres e das crianças. Os escravos também ficavam acorrentados dentro das senzalas, para evitar fugas.

Pelourinho

Na parte exterior da construção a senzala possuía, à sua frente, opelourinho – um tronco com corda utilizado para castigar os negros – e, aos fundos, sanitários primitivos feitos com barricadas de água cheias até a metade que eram esvaziados e limpos uma vez ao dia. Também há um fogão improvisado, utilizado pelos escravos para assar a própria comida – geralmente pesca e caça, ou sobras.

Abertas até as dez horas da noite para convívio, ao som de uma espécie de campainha as senzalas eram trancadas e somente reabertas no dia seguinte, uma hora antes do início das tarefas


 A comida e vestimenta do negro 




Negros fundaram a base da culinária tipicamente brasileira



Mingau, pamonha, canjica, mocotós, vatapá, caruru, acaçá. O que tudo isso tem em comum, além do fato de serem comidas tipicamente brasileiras? Todas nasceram em mãos negras, na cozinhas da casas grandes. São pratos fáceis de comer, que dosaram a força e o exotismo dos temperos africanos para gostos portugueses. São misturas que resumem nossa pluralidade cultural ao condensar ingredientes e técnicas africanas, indígenas e européias.



Durante três séculos, toda a comida da sociedade brasileira – majoritariamente agrária – passou por mãos negras. Escravos (mulheres e homens menos aptos ao trabalho no campo) comandavam as cozinhas coloniais, inventando pratos, adicionando novos temperos e adaptando ingredientes indígenas e africanos ao paladar do "nhonhô" português.


Como disse Gilberto Freyre, "a negra fez com a comida o mesmo que fez com a língua". Se em gargantas negras, Marias Antônias viraram Tontons e Marias Josés viraram Zezés, nas mesas da Casa Grande a comida ficou mais fácil, mais maleável. "A negra foi um intermediador muito forte das rupturas na cozinha da colônia", conta a coordenadora do Núcleo de Estudos Freyrianos da Fundação Gilberto Freyre, Fátima Quintas. Por exemplo, foi ela que fez a ponte entre a mandioca nativa e o paladar português, acostumado ao pão de trigo. Para aliviar o sacrifício gastronômico do lusitano, criou-se o beiju de tapioca, entre outras mimeses do pão europeu. 

Ainda hoje, a forte comida de origem africana pede adaptações para sobreviver ao gosto de novos consumidores. Luisa Inês Saliba, dona do restaurante Rota do Acarajé, em São Paulo, conta que pessoas do mundo inteiro vêmatrás da iguaria. "A gente adapta [o acarajé] a um paladar mais suave, principalmente no o dendê e no tempero com coentro, que são coisas que chegam a assustar os visitantes na Bahia". Muito por causa desta necessidade de mudar, Luisa é uma criadora de pratos inveterada. "Quando se trata de culinária, sou uma workaholic. Mesclo todas as influências, como de tudo, bebo de tudo, sou 'pesquisadeira'. Mas um ou outro ingrediente [tipicamente baiano] sempre rege a criação". Exatamente como faziam as negras das cozinhas coloniais – adaptavam a todos os gostos, mantendo a África como fio condutor.

Nos séculos de escravidão, a cozinha era o espaço de uma convivência mais harmoniosa dentro da estrutura profundamente opressora do regime vigente. "Por uma necessidade de ter com quem conversar, as mulheres [brancas] da casa iam para a cozinha", conta Fátima. Essa pseudo-liberdade do negro fora do campo, aliada aos momentos de ócio que o trabalho de casa propiciava, foi responsável pelo surgimento de pratos complexos. "As horas vagas e a quantidade de pessoas para servir permitiram que os doces, principalmente, demorassem uma tarde inteira, por exemplo, para ser feitos". Este cenário, aliado à monocultura da cana, propiciou uma doçaria complicada, que inclui manjares, bolos e tortas.


"A negra fazia uma cozinha de muitas horas, de muito trabalho, de arte", diz Fátima. O esmero foi tanto que passou dos sabores para as aparências: dos pratos às toalhas de mesa. E, principalmente, nos tabuleiros – este modelo tão africano de vender comida. Na Bahia de hoje, por exemplo, as rendas são tão presentes quanto os cheiros de coentro e azeite de dendê. Os enfeites, tanto quanto a comida, são feitos com esmero e cuidado, custe o tempo que custar. Como observa Luisa Inês, "há que se respeitar a culinária, [fazê-la] com todo o carinho com que deve ser feita". Isso significa que o prato começa a ser feito no momento em que o cliente pede. "É tudo mais fresquinho", completa a chef. Tamanho cuidado é preconceituosamente confundido com preguiça. Mas a verdade é que não há espaço para pressa na cozinha de origem afro. Fast food não bate com os tantos elementos místicos e sagrados que os negros associam à comida.




No candomblé, por exemplo, até os santos comem. "A religiosidade do negro [que nutria muito menos pudores sexuais do que o cristianismo] com a sexualidade do português cunharam uma coisa muito interessante: doces com nomes sensuais" aponta Fátima Quintas. "A casa grande era altamente sexualizada, com um cristianismo muito prosaico, lírico". A comida era mais um estímulo sensorial, quase sensual. Por isso, doces criados na casa grande têm nomes eróticos como baba-de-moça, suspiro, sonho, teta-de-nega...


A mão que mexeu o caldo da formação culinária (e, conseqüentemente, cultural) brasileira foi negra. Por mais que as mestiçagens acontecessem por todos os lados – como é praxe no Brasil –, no final, foram os negros que meteram a mão na massa. Por isso, tudo o que o brasileiro típico come hoje, desde o arroz com feijão mais básico até a mais elaborada paella, tem um resquício das mentes criativas da senzala, que uniram o paladar europeu às tradições indígenas e africanas. Formou-se uma gastronomia leve e densa, simples e sofisticada, forte e sutil. Um paradoxo de sabores e influências, tão diverso quanto o Brasil.





Moradia e vestimenta dos escravos nas fazendas de café






As senzalas - habitações coletivas dos negros escravos - eram construções bastante longas, sem janelas (ou com janelas gradeadas), dotadas de orifícios junto ao teto para efeito de ventilação e iluminação. Edificadas com paredes de pau-a-pique e cobertas de sapé, possuíam divisões internas e um mobiliário que se resumia a um estrado com esteiras - ou cobertores - e travesseiros de palha. Às vezes, e se era o caso, havia também um estrado para o escravo guardar seus pertences. Em algumas fazendas, nem as divisões internas eram efetuadas. Em outras, as senzalas eram menores. Em quase todas, os casais desfrutavam de uma situação especial, morando em pequenos barracos de pau-a-pique cobertos com folhas de bananeiras. Embora não houvesse empenho notável em "fazendas de reprodução" (como as que haviam nos Estados Unidos), constata-se a preocupação em se dar um mínimo de conforto aos casais para que eles reproduzissem força de trabalho para o senhor.



Os solteiros dormiam em casas separadas - homens e mulheres - e as crianças ficavam com as mães. É importante notar que, apesar de todos os inconvenientes registrados pela família dos senhores - ruído, odor, medo - a senzala era construída junto à casa-sede da fazenda. Afinal, por maiores inconvenientes que essa prática pudesse ter, não era nada comparada à preocupação que tinha o proprietário em zelar pelo seu patrimônio.



E o escravo era, frequentemente, o que de mais valioso o senhor "possuía".

No século XIX, as numerosas manufaturas de algodão espalhadas pelo país especificavam que sua produção não se destinava aos brancos e livres, porém aos negros escravos. Era um tecido grosso com o qual costuravam-se calças, camisas e uma espécie de colete longo, destinados a proteger o escravo durante o ano inteiro. As mulheres, dependendo do trabalho realizado, usavam saia e blusa de chita ou cretone.

Havia uma diferença substancial na vestimenta de escravos urbanos e rurais e dentre estes, entre os que trabalhavam no campo e os escravos domésticos. Nos campos, principalmente no verão, os escravos eram cobertos por trapos que se deterioravam rapidamente pela ação do esforço realizado e das intempéries. Sol excessivo e chuva não eram, geralmente, motivos para a interrupção do trabalho. Já os escravos domésticos, escolhidos dentre os que eram considerados mais bonitos (pelos padrões estéticos dos proprietários brancos), recebiam roupas sempre limpas, inteiras e às vezes até luxuosas, como era o caso de certas mucamas.





Negro e negra numa fazenda, Rugendas


Na cidade já não era possível deixar o escravo seminu. Mesmo assim, parece que os proprietários, por economia, tentavam fazer isso: são frequentes os registros a respeito de leis e portarias que tinham por função reprimir aquilo que era considerado abusivo e atentatório à moral e aos bons costumes. Escravo seminu podia dar multa ao patrão.
A representação que nos chega do negro escravo, particularmente aquele que trabalhava no campo, é a de um bruto selvagem. Mais ainda, ele nos é apresentado como uma figura primitiva, dominada pelo instinto. Sua figura, temível e atraente, povoa a imaginação dos "civilizados", fascinados por seu "estado natural". Esses estereótipos, que persistem até hoje em nossa sociedade, decorrem, na verdade, não de alguma característica do negro em si, mas do seu papel social e de sua aparência possível, ambos determinados pelo senhor branco...








 Resistência e Quilombos






Definição de Quilombo



Quilombo é a comunidade formada pela fuga de negros, índios e brancos pobres do regime de trabalho forçado, alienado e desumano: escravidão. Como forma de sobrevivência e resistência ao poderio Brasil-Colônia. Os negros se rebelavam e fugiam de seus senhores e do meio de vida exploratório em que viviam impostamente, formando comunidades em locais dentro das matas e sertões o mais longe possível dos centros econômicos. Posteriormente, o quilombo produzira uma imagem de terra prometida para os escravos ainda cativos. Era, segundo definição do rei de Portugal, respondendo ao Conselho Ultramarino em 02 de dezembro de 1740, “toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles”. Estima-se que existam aproximadamente três mil comunidades no país, segundo a Seppir. A palavra quilombo é de origem Bantu (povos africanos que viviam na região hoje conhecida como Angola e África Ocidental), originalmente a palavra era utilizada para designar o lugar de pouso e paragens de viajantes e povos nômades. Foi aqui no Brasil que a palavra quilombo passou a ser empregada como definição de local de refúgio de negros escravizados.


Com o fim da escravidão muitas famílias negras continuaram a viver em áreas de quilombos preservando os costumes e a cultura de seus antepassados. Hoje essas famílias são denominadas “comunidades remanescentes de quilombos” e a maioria ainda luta para garantir o direito de ter o título de posse de seus territórios.

O número de comunidades quilombolas existentes pelo Brasil ainda é impreciso, junto com o processo de titulação o governo está fazendo o processo de reconhecimento e catalogando as comunidades remanescentes de quilombos no país.













 Sincretismo Religioso





Durante o processo de colonização do Brasil, notamos que a utilização dos africanos como mão de obra escrava estabeleceu um amplo leque de novidades em nosso cenário religioso. Ao chegarem aqui, os escravos de várias regiões da África traziam consigo várias crenças que se modificaram no espaço colonial. De forma geral, o contato entre nações africanas diferentes empreendeu a troca e a difusão de um grande número de divindades.



Mediante essa situação, a Igreja Católica se colocava em um delicado dilema ao representar a religião oficial do espaço colonial. Em algumas situações, os clérigos tentavam reprimir as manifestações religiosas dos escravos e lhes impor o paradigma cristão. Em outras situações, preferiam fazer vista grossa aos cantos, batuques, danças e rezas ocorridas nas senzalas. Diversas vezes, os negros organizavam propositalmente suas manifestações em dias-santos ou durante outras festividades católicas.

Do ponto de vista dos representantes da elite colonial, a liberação das crenças religiosas africanas era interpretada positivamente. Ao manterem suas tradições religiosas, muitas nações africanas alimentavam as antigas rivalidades contra outros grupos de negros atingidos pela escravidão. Com a preservação desta hostilidade, a organização de fugas e levantes nas fazendas poderia diminuir sensivelmente.

Aparentemente, a participação dos negros nas manifestações de origem católica poderia representar a conversão religiosa dessas populações e a perda de sua identidade. Contudo, muitos escravos, mesmo se reconhecendo como cristãos, não abandonaram a fé nos orixás, voduns e inquices oriundos de sua terra natal. Ao longo do tempo, a coexistência das crendices abriu campo para que novas experiências religiosas – dotadas de elementos africanos, cristãos e indígenas – fossem estruturadas no Brasil.

É a partir dessa situação que podemos compreender porque vários santos católicos equivalem a determinadas divindades de origem africana. Além disso, podemos compreender como vários dos deuses africanos percorrem religiões distintas. Na atualidade, não é muito difícil conhecer alguém que professe uma determinada religião, mas que se simpatize ou também frequente outras. 

Dessa forma, observamos que o desenvolvimento da cultura religiosa brasileira foi evidentemente marcado por uma série de negociações, trocas e incorporações. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que podemos ver a presença de equivalências e proximidades entre os cultos africanos e as outras religiões estabelecidas no Brasil, também temos uma série de particularidades que definem várias diferenças. Por fim, o sincretismo religioso acabou articulando uma experiência cultural própria.

Não cabe dizer que o contato entre elas acabou designando um processo de aviltamento de religiões que aqui apareceram. Tanto do ponto de vista religioso, quanto em outros aspectos da nossa vida cotidiana, é possível observar que o diálogo entre os saberes abre espaço para diversas inovações. Por esta razão, é impossível acreditar que qualquer religião teria sido injustamente aviltada ou corrompida.





O negro na atualidade na África








Problemas sociais nos países africanos



A África é um continente com, aproximadamente, 30,27 milhões de quilômetros quadrados de terras. Estas se localizam parte no hemisfério norte e parte no sul. Ao norte é banhado pelo mar Mediterrâneo; ao leste pelas águas do Oceano Índico e a oeste pelo Oceano Atlântico. O Sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.

Informações importantes sobre o Continente Africano: 

- A África é o segundo continente mais populoso do mundo (fica atrás somente da Ásia). Possui, aproximadamente, 820 milhões de habitantes (estimativa 2011).

- É um continente basicamente agrário, pois cerca de 63% da população habitam o meio rural, enquanto somente 37 % moram em cidades.

- No geral, é um continente pobre e subdesenvolvido, apresentando baixos índices de desenvolvimento econômico. A renda per capita, por exemplo, é de, aproximadamente, US$ 850,00. OPIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas 1% do PIB mundial. Grande parte dos países possui parques industriais pouco desenvolvidos, enquanto outros nem se quer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.

- O principal bloco econômico africano é o SADC (Southern Africa Development Community), formado por 15 países: África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Maurícia, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

- Além da agricultura, destaca-se a exploração de recursos minerais como, por exemplo, ouro e diamante. Esta exploração gera pouca renda para os países, pois é feita por empresas multinacionais estrangeiras, principalmente da Europa.

- Os países africanos que possuem um nível de desenvolvimento um pouco melhor do que a média do continente são: África do Sul, Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia.

- Os principais problemas africanos são: fome, epidemias (a AIDS é a principal) e os conflitos étnicos armados (alguns países vivem em processo de guerra civil).

- Os índices sociais africanos também não são bons. O analfabetismo, por exemplo, é de aproximadamente 40%. 

- As religiões mais presentes no continente são: muçulmana (cerca de 40%) e católica romana (15%). Existem também seguidores de diversos cultos africanos.

- As línguas mais faladas no continente são: inglês, francês, árabe, português e as línguas africanas.

Geografia da África:

- Principais rios: Nilo, Níger, Congo, Limpopo, Zambese e Orange.
- Clima: Clima Mediterrâneo (chuvas na primavera e outono) no norte e sul; Clima Equatorial (quente e úmido) no centro.
- Relevo: Monte Atlas (norte), Planalto Centro-Africano (região central), Grande Vale do Rift com altas montanhas e depressões (leste). Na região norte destaca-se o Deserto do Saara.
- Cidades mais populosas: Cairo (Egito), Lagos (Nigéria), Kinshasa (R. D. do Congo), Cartum (Sudão), Johanesburgo (África do Sul) e Gizé (Egito).

- Países que fazem parte do continente africano: Angola, Argélia, Botsuana, Camarões, Lesoto , Madagascar, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia, Zimbábue,República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Chade, Congo, Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, São Tomé e Príncipe, Togo, Egito, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental, Sudão, Sudão do Sul, Tunísia, Burundi, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Quênia, Ruanda, Seychelles, Somália, Tanzânia, e Uganda.


África do Sul – Apharteit



O termo apartheid significa "separação" ou "identidade separada". Serviu para designar o regime político daÁfrica do Sul que, durante décadas, impôs a dominação da minoria branca (ou aristocracia branca) sobre grupos pertencentes a outras etnias, compostos em sua maioria por negros.



O apartheid não deve ser interpretado como simples "racismo", pois ele foi um sistema constitucional de segregação racial que abrangeu as esferas social, econômica e política da nação sul-africana estabelecendo critérios para diferenciar os grupos.

A origem histórica do apartheid é bem antiga e remonta ao período da colonização da África do Sul. Os primeiros colonizadores bôeres (também denominados de afrikaner) compunham-se de grupos sociais europeus que vieram da Holanda, França e Alemanha e se estabeleceram no país nos séculos 17 e 18.


Ideologia nacionalista Esses colonizadores dizimaram as populações autóctones (grupos tribais indígenas) e tomaram suas terras. Os líderes afrikaners manipularam e converteram um preceito religioso cristão, que a princípio estabelecia a segregação como uma forma de defender e preservar as populações tribais da influência dos brancos, em uma ideologia nacionalista que pregava a desigualdade e separação racial.

Os afrikaners se consideravam a verdadeira e autêntica nação (ou volk, que em alemão significa povo). A cor e as características raciais determinaram o domínio da população branca sobre os demais grupos sociais e a imposição de uma estrutura de classe baseada no trabalho escravo.


Política racialNas regiões dominadas por eles estabeleceu-se uma política racial que diferenciou os europeus (população branca) dos africanos (que incluía todos os nativos não-brancos, também conhecidos por bantus). Até mesmo aqueles grupos sociais compostos por imigrantes asiáticos, em particular indianos, sofreram com a política de discriminação racial. 

Seria engano supor que a expansão do domínio dos afrikaners sobre a população não-branca da África do Sul foi um processo livre de conflitos. Pelo contrário, houve muitas guerras com as populações tribais que ofereceram resistência aos brancos, entre elas as tribos xhosa, zulu e shoto.

No início do século 20, a África do Sul atravessou um intenso processo de modernização que intensificou os conflitos entre brancos e não-brancos. Não obstante, a minoria branca soube explorar os conflitos intertribais que afloravam entre os diferentes grupos étnicos e isso de certo modo facilitou a avanço e domínio dos afrikaners. 

O apartheid foi estabelecido oficialmente na África do Sul em 1948 pelo Nationalist Party(Partido dos Nacionalistas) que ascendeu ao poder e bloqueou a política integracionista que vinha sendo praticada pelo governo central.

O Nationalist Party representava os interesses das elites brancas, especificamente da minoria boere. Após 1948, o sistema de segregação racial atingiu o auge. Foram abolidos definitivamente alguns direitos políticos e sociais que ainda existiam em algumas províncias sul-africanas.

As diferenças raciais foram juridicamente codificadas de modo a classificar a população de acordo com o grupo social a que pertenciam. A segregação assumiu enorme extensão permeando todos os espaços e relações sociais. Os casamentos entre brancos e negros foram proibidos.

Os negros não podiam ocupar o mesmo transporte coletivo usado pelos brancos, não podiam residir no mesmo bairro e nem realizar o mesmotrabalho, entre outras restrições. Os brancos passaram a controlar cerca de 87% do território do país, o que sobrava se compunha de territórios independentes, mas paupérrimos, deixados aos grupos sociais não-brancos.

Declínio do apartheid  é o único caso histórico de um sistema onde a segregação racial assumiu uma dimensão institucional. Essa situação permite definir o governo sul-africano como uma ditadura da raça branca.

Na década de 1970, o governo da África do Sul tentou em vão encontrar fórmulas que pudessem assegurar certa legitimidade internacional. Porém, tanto a ONU (Organização das Nações Unidas) como a Organização da Unidade Africana, votaram inúmeras resoluções condenando o regime.

No transcurso dos anos 70, a África do Sul presenciou inúmeras e violentas revoltas sociais promovidas pela maioria negra, mas duramente reprimidas pela elite branca. Sob o governo de linha dura, liderado por Peter. W. Botha (1985-1988), tentou-se eliminar os opositores brancos ao governo e as revoltas raciais foram duramente reprimidas. 

Porém, as revoltas sociais se intensificaram bem como as pressões internacionais. Em 1989, Frederic. W. de Klerk, assumiu a presidência. Em 1990, o novo presidente conduz o regime sul-africano a uma mudança que põe fim ao apartheid. Neste mesmo ano, o líder negro Nelson Mandela, que desde 1964 cumpria pena de prisão perpétua, é posto em liberdade. Nas primeiras eleições livres, ocorridas em 1993, Mandela é eleito presidente da África do Sul e governa de 1994 a 1999.




Guerras na África



Grupos separatistas

O continente africano é palco de uma série de conflitos, consequência da intervenção colonialista, principalmente no fim do século XIX e início do século XX. Esse processo de intervenção interferiu diretamente nas condições políticas, econômicas e sociais da população africana.



A divisão territorial do continente teve como critério apenas os interesses dos colonizadores europeus, desprezando as diferenças étnicas e culturais da população local. Diversas comunidades, muitas vezes rivais, que historicamente viviam em conflito, foram colocadas em um mesmo território, enquanto grupos de uma mesma etnia foram separados.

Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um intenso processo de independência das nações africanas. Porém, novos países se formaram sobre a mesma base territorial construída pelos colonizadores europeus, desrespeitando a cultura e a história das comunidades, consequentemente inúmeros conflitos étnicos pela disputa de poder foram desencadeados no interior desses países.

Outro fator agravante para o surgimento desses conflitos na África se refere ao baixo nível socioeconômico de muitos países e à instalação de governos ditatoriais. Durante a Guerra Fria, que envolveu os Estados Unidos e a União Soviética, ocorreu o financiamento de armamentos para os países africanos, fornecendo aparato técnico e financeiro para os distintos grupos de guerrilheiros, que muitas vezes possuíam – e ainda possuem – crianças que são forçadas, através de uma manipulação ideológica, a odiarem os diferentes grupos étnicos.

A participação de crianças nos conflitos armados

São vários os conflitos no continente africano; o que é pior, muitos deles estão longe de um processo de pacificação. A maioria é motivada por diferenças étnicas, é o que acontece em Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália, por exemplo. Outros por disputas territoriais como Serra Leoa, Somália e Etiópia; questões religiosas também geram conflitos, é o que acontece na Argélia e no Sudão. Além de tantas políticas ditatoriais instaladas, a que teve maior repercussão foi o apartheid na África do Sul – política de segregação racial que foi oficializada em 1948, com a chegada ao poder do Novo Partido Nacional (NNP). O apartheid não permitia o acesso dos negros às urnas, além de não poderem adiquirir terras na maior parte do país, obrigando os negros a viverem em zonas residenciais segregadas, uma espécie de confinamento geográfico.

Deve-se haver a intervenção de organismos internacionais para que esse e outros problemas do continente africano (aids, fome, economia, saúde, etc.) sejam amenizados, pois esse processo é consequência das políticas colonialistas dos países desenvolvidos, que após sugarem a riqueza desse povo, abandonaram o continente, deixando uma verdadeira mazela.



 O negro na atualidade na América

Movimento negro no Brasil

Uma unidade a partir da diversidade


O Brasil é o país que tem a maior população de negros fora da África. Nossos antepassados foram trazidos para cá e além de serem escravizados passaram por um processo de ‘aculturação’, sendo obrigados a deixarem de praticar suas linguagens, religiões e costumes adotando práticas européias.

O movimento negro tem por objetivo não deixar esmorecer e resgatar essa cultura afro- brasileira, rebatendo a rígida desigualdade e a segregação racial que ainda atinge o povo negro.

O movimento negro é uma batalha travada contra o senso comum. Numa sociedade onde se assume que existe preconceito racial é contraditória a afirmação que não há discriminação e racismo pessoal.

Que ele é presente (o racismo), estamos fadigados e experientes no assunto, a questão é: onde o racismo atrapalha, rouba, diminui, fere, interfere, omite, engana, diferencia a população negra que constitui toda uma nação de outra raça? Aí está a chave. Aí entra o movimento negro, numa armadura e resistência coletiva de uma raça presente e atuante.

O Estado é o personagem responsável em garantir a equidade, porém, se esta instituição age de forma ativamente contrária ou de forma omissa em seus serviços de policiamento, saúde pública, geração de renda e trabalho, educação; permitindo que a discriminação racial, ainda nos dias de hoje, faça parte do seu sistema; então temos algo além de problemas sociais, o Estado produz um retrocesso, um apartheid.

Todavia, a nação se estrutura em outros pilares, além do Estado, que envolve escolas, famílias, templos religiosos, universidades e empresas. Essas organizações já deveriam estar desconstituídas de sua hereditariedade e rompidas de suas tradições e dogmas racistas, com representantes de diversas raças e etnias partindo do princípio que a nação brasileira é constituída de múltiplas determinações raciais (Ribeiro, 2005 ). Concluímos que o racismo tem efeito letal e em massa.

Aí atua toda a essência do movimento negro, não se baseando apenas em probabilidades e teorias, mas em fatos empíricos experimentados nas diversas ramificações dos negros na sociedade.

O movimento está diretamente ligado às lutas não só contra o racismo e a discriminação racial, mas também a xenofobia e intolerâncias correlatas.

No Brasil lembramos dos grandes marcos como Zumbi, Revolta dos Malês, Chibata e tantas representações de luta e resistência do povo negro (como acompanhamos em outras matérias da Revista do Portal Raízes). O movimento negro é resultado de uma série de manifestações decorrentes de um processo histórico. Não se pode dizer onde ele nasce ou especificar algum lugar determinado, tal afirmação nos limita, nos tira de uma visão de alpinista para nos deitar num acolchoado particular. A amplitude do movimento negro é um conjunto de manifestações que surgem de inquietações individuais e coletivas.

Mas sem dúvida as manifestações contemporâneas do movimento negro no Brasil foram influenciadas pelos diversos atos anti- discriminatórios que ocorreram nos Estados Unidos na década de 60. No referido período o Brasil vivia sob o regime político militar altamente repreensivo contra as reivindicações de massa, mas é neste contexto que o movimento negro inicia as suas articulações no país.

O Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão responsável em coordenar as atividades de informação e contra-informação em todo o país, produziu inúmeros relatórios à Segurança Nacional durante o regime militar. Em 14 de julho de 1978 foram relatados os primeiros indícios do Movimento Negro Unificado, o MNU, nas portas do Teatro Municipal no centro da capital paulista. Uma concentração motivada a denunciar toda indução racista e organizar a comunidade negra.

A partir de 1988 surgem algumas publicações voltadas para a questão racial. Por exemplo, o “Treze de Maio”, do Rio de Janeiro; “O Exemplo”, de Porto Alegre; em São Paulo as denúncias raciais eram feitas pela “imprensa negra paulista”. Ainda em 1920 surge os fundadores da Frente Negra Brasileira que depois tornou-se um partido político em 1936 sendo extinto logo em seguida pelo Estado Novo um ano depois. Em 1940. Histórias contadas a partir de entrevistas orais foram objeto de estudos por pesquisadores do movimento negro muito tempo depois.

Também em 1988 comemorou-se o centenário da Abolição, que culminou numa série de manifestações e protestos por partes dos militantes negros. Duas reivindicações viraram leis e entraram para a Constituição: a criminalização do racismo (Artigo 5º) e o reconhecimento de propriedade das terras de remanescentes de quilombos (Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

No mesmo ano a Igreja Católica lança a Campanha da Fraternidade: “A Fraternidade e o Negro”, com o lema: “Ouvi o clamor desse povo”, introduzindo o debate da questão racial no seio da igreja. Daí surge a Pastoral Afro Brasileira e a Associação de Padres Negros (APNs).

Em 1995 foi elaborada em Brasília a marcha em homenagem aos trezentos anos da morte de Zumbi dos Palmares. Fernando Henrique Cardoso em seu primeiro ano de governo cria o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População Negra, dando a partida nas primeiras iniciativas de ações afirmativas na administração pública federal.

E 2001 foi o ano da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, realizada na cidade de Durban, na África do Sul, que mobilizou o governo e as entidades do movimento negro em sua preparação e resultou em novos acontecimentos, como a reserva de vagas para negros em algumas universidades do país e novos compromissos assumidos pelo Estado em âmbito internacional. Resumindo Durban foi um marco para a discussão de políticas afirmativas no Brasil. A intolerância em relação às religiões de matrizes africanas também passou a ser mais debatida em fóruns e congressos, obtendo respaldo na esfera política. Enfim, mesmo gerando polêmica, a questão racial saiu de baixo dos tapetes e começou de fato a ser discutida pela sociedade brasileira.

Atualmente o movimento negro é composto por uma grande quantidade de coletivos que muitas vezes divergem entre si nas reivindicações de políticas públicas, como no caso das cotas e do Estatuto da Igualdade Racial. Não há consenso no movimento negro hoje sobre esses dois assuntos.

A unanimidade pode ser observada na luta pela implementação da Lei 10.639, que prevê a obrigatoriedade do ensino da África e do negro no Brasil nas escolas de todo o país. A causa dos quilombolas também tem a adesão do movimento como um todo.

Sem falar na luta contra a discriminação racial, aonde todos defendem a aplicabilidade da lei de discriminação racial, crime considerado inafiançável pela Constituição, mas pela falta de conhecimento muitas vezes ela é confundida com o crime de injúria e difamação, cuja pena é bem mais leve.



Contudo essa militância vem buscando por viés político, educacional, ideológico, cultural, religioso, gênero, artístico, entre outros a real e total liberdade em todas áreas, buscando boa qualidade de vida, desmarginalização, educação, inserção social, melhor moradia e saúde para o povo negro







DANDARA E ZUMBI

Herói negro conhecido pela luta contra a opressão negra no Brasil, Zumbi dos Palmares é lembrado por sua luta e sua coragem no Dia da Consciência Negra.

Diz a sabedoria popular que por trás de todo grande homem, existe uma grande mulher. Prefiro dizer "ao lado", mas o fato é que com Zumbi não foi diferente. Esposa de Zumbi e mãe de seus três filhos, Dandara foi muito além do papel de esposa, se tornando uma verdadeira guerreira.

Conforme informações do professor de história Kleber Henrique, no blog Cuca Livre, Dandara, como todos no quilombo, plantava, trabalhava na produção de farinha de mandioca, aprendeu a caçar, e, além disso, aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e liderou as falanges femininas do exército palmarino.



Dandara 
participou de todos os ataques e defesas da resistência de Palmares e não tinha limites para defender a liberdade e a segurança do Quilombo.
A esposa de Zumbi compartilhava a posição do marido contra o tratado de paz assinado por Ganga-Zumba. Entre outras negociações, o acordo requeria a mudança dos habitantes de Palmares para as terras no Vale do Cacau. Dandara, assim como Zumbi, via o tratado como a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão.

Dandara morreu em 6 de fevereiro de 1694, após a destruição da Cerca Real dos Macacos, uma batalha sangrenta que deixou centenas de mortos. Ainda assim, acredita-se que ela se suicidou para não voltar a ser escrava, atirando-se da da pedreira mais alta de Palmares. Zumbi, que sobreviveu ferido a esta batalha, morreu no ano seguinte em 20 de novembro, data em que atualmente é celebrado o Dia da Consciência Negra



Outras Fontes:
http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questao-racial/afrobrasileiros-e-suas-lutas/12329-movimento-negro-e-movimento-de-mulheres-negras-uma-agenda-contra-o-racismo



O movimento negro norte americano




Nos EUA o movimento negro teve inúmeras expressões, as três principais foram o reverendo evangélico Martin Luther King, que lutou pelos direitos civis dos norte-americanos; o Mulçumano Malcon X e o partido dos Panteras. Além das reivindicações sociais e políticas o movimento negro americano revoluciona o mundo na década de 60 com o movimento “Black is Beatiful”, a maior manifestação de auto afirmação da beleza negra de todos os tempos.

Martin Luther King - O líder evangélico que mudou a história de milhares de negros americanos...

“Eu só quero fazer a vontade de Deus”

Em 1955 King entrou em cena na luta pela igualdade racial. Os negros da época não tinham direito ao transporte público, viviam em condições desumanas sob uma dura exploração trabalhista, tudo conseqüência da falta dos direitos civis que também negava aos negros o direito ao voto.

O inicio de tudo. 
Uma mulher negra se negou a ceder seu lugar para uma mulher branca em um ônibus. Foi presa. Um escândalo estava formado. Freqüentemente a população negra estava exposta a humilhações sem reação a tais atitudes. Mas este caso gerou uma forte mobilização na cidade.

Líderes negros de Montgomery organizaram um boicote na cidade: nenhum negro deveria mais utilizar o transporte público da cidade.

O protesto contra a segregação durou 381 dias, King foi um dos líderes da campanha e futuramente foi perseguido e ameaçado. A vitória veio e o boicote ao transporte público foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana entendo como ilegal a segregação.

Comunidades negras ligadas à igreja Batista compunham a fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS) criada em 1957, e Martin Luther King esteve a sua frente até a sua morte.

Sua ideologia era “não à violência” e “desobediência civil” preconizado por Mahatma Gandhi (líder religioso que promoveu uma revolução pacífica na Índia).

Mesmo com o discurso de paz, o período era de linchamentos aos negros enquanto o governo limitara-se a observar.

Também se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz em 14 de outubro de 1964 em reconhecimento à sua liderança na resistência e na luta pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.

King teve um papel importantíssimo, com o perdão do superlativo, na luta racial e todo o movimento negro, plastificando ideais que são lembrados até os dias de hoje. Tinha um discurso conciliador de classes, moderador, uma pregação metade política, metade religiosa buscando a reflexão para a igualdade e o fim do racismo por intermédio da paz e do amor a Cristo, dando a outra face ao inimigo. Para alguns negros essa tentativa de pacificação com o homem branco era calamitosa e covarde diante de tanto sofrimento causado por este. Acordos de defesa não foram bem quistos por todos. Em um de seus discursos King fez uma saudação a John Kennedy pelos avanços na questão racial. Tal postura causou divergência entre os negros que estavam em busca de um combate mais intenso.

Após 14 anos de luta, King é morto no dia 4 de abril de 1968. Foi assassinado aos 39 anos por um homem branco segregacionista em Menphis, sul do país. King foi o pastor líder do Movimento Pelos Direitos Civis.

Na medida em que as lutas raciais cresciam e tomaram maiores proporções no país, começou-se a discutir até que ponto um discurso pacificador resolveria de fato os problemas que os negros enfrentavam: a proposta de uma radicalidade vem à tona.

Outros líderes vieram com novas idéias e alguns avanços e consciência sócio-racial. Vejamos.

O líder mulçumano Malcom X: o racismo versus burguesia

“Não existe capitalismo sem racismo”

Um orgulho negro embutido em suas palavras. Malcon X foi além de batalhas isoladas contra racistas fascistas de bairro, debelando um conjunto de instituições do sistema como responsáveis e articuladores do racismo. Uma lenda viva norte-americana. Além de defender o negro, seu movimento, seus hábitos e sua história trouxeram à tona como o capitalismo influencia a sociedade ao estabelecer relação de poder entre as classes.

“Martin Luther King, pobre garoto. Está sob influência dos fascistas. Está sendo criado pelos fascistas para guiar ovelhas rumo ao abatedouro”, disse Malcon X.

X acreditava que existia uma estrutura de poder branco que não estava interessada em perpetuar a escravidão, mas usava de novos artifícios para assim proceder. Dizia também que se o homem branco estupra, mata, explora, escraviza e rouba o homem negro, então ele não é bom, ele é o inimigo. Um diagnóstico ao negro era, segundo X, a organização e a disciplina para manter sua própria subsistência e independência política. A violência era tida não como agressão por Malcon, mas sim como uma legítima defesa, isto é, não era má vinda.

Para Malcon o capitalismo favorecia-se com a discriminação racial, pois esta produz lucros à burguesia já que com a exploração da classe trabalhadora se paga um salário inferior, e os negros ocupam os piores cargos, mesmo que paguem os mesmo preços no que consomem.

A defesa começa se armando

A estratégia de luta agora, diferente de king, era o combate ostensivo. Além de Malcon X os Panteras Negras também partiu desse princípio. Organizações começaram a armar seus militantes e, de cabeça erguida, foram às ruas armados, não admitindo humilhações e violência infligidas pelos brancos como outrora.

Percebemos que a luta era a mesma, mas as formas eram distintas. Malcon um anti-capitalista de ideologias intensas.

Ex-presidiário, conheceu o islã no cárcere, onde leu o maior número de livros possíveis de leis e historias do negro. Ao colocar em prática as suas idéias Malcon foi seguido por um número faraônico de militantes.

Morreu assassinado aos 39 anos. Segundo testemunhas próximas a Malcon o responsável por sua morte foram pessoas do islã influenciadas pelo governo.



Partido dos Panteras Negras pela Auto-Defesa

“vigiamos a polícia que brutaliza o nosso povo” Huey Newton

Punho preto e cerrado, salientando as veias erguidas ao céu, irrigando o corpo com sangue africano. Jaquetas pretas, boinas. Um olhar de coragem, ações de coragem, uma luta que ainda não chegou ao fim.

O Partido dos Panteras Negras pela Auto-Defesa foi um grupo de revolucionários urbanos criado na década de 60, precisamente em outubro de 1966, com a proposta de proteger, reivindicar e lutar pelos moradores negros em Oakland, na Califórnia, frente às drogas, o ciclo branco racista social local, o Estado e particularmente os militares. Seus fundadores foram Bobby Seale e Huey Newton. Os Panteras Negras tinham as leis na ponta da língua e princípios marxista.

Criaram em 15 de outubro de 1966 o “Programa dos Dez Pontos”, uma organização de princípios.

“Queremos liberdade. Queremos o poder para determinar o destino da comunidade negra. Acreditamos que o povo negro não irá se libertar até que sejamos capazes de determinar nosso destino”.

Pleno emprego;

Fim à roubalheira do homem branco sobre a comunidade negra;

Habitação decente e um sistema educacional “que exponha a verdadeira natureza desta sociedade americana decadente";

A isenção dos negros no pagamento de impostos e de todas as sanções da chamada “América branca”;

Outras demandas incluíam um fim à brutalidade policial, da isenção do serviço militar aos homens negros, e para “que todo homem negro, quando levado ao tribunal, seja julgado por um júri de seu grupo ou por pessoas das comunidades negras”.

Foram inúmeros os questionamentos e os conflitos por conta dos Panteras, já que esse adotou taticamente o uso de armas de fogo para defender os negros, inicialmente do gueto, das agressões e acusações da polícia considerada corrupta e racista, além de outros grupos armados. Entendiam que o negro tinha por obrigação se informar sobre seus direitos como cidadãos americanos, assim, como mecanismo de defesa contavam com estudos de direto civil e criminal para seus integrantes.

A polícia de Oakland (Califórnia/EUA) sempre esteve decidida a acabar com o grupo, em 1967 durante um confronto o “pantera” Huey Newton matou um policial branco.

Com núcleos espalhados pelas principais cidades o número de integrantes do movimento passou dos 2.000.

Criticada por muitos, até hoje a história dos Black Panters é extensa, curiosa e cheia conquistas. Mais um marco com efeito de mudança na vida dos negros do mundo.



Outros sites:



http://galaxiablack.blogspot.com/2009/01/histria-dos-panteras-negras.html

http://www.martinlutherking.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid

http://super.abril.com.br/superarquivo/2006/conteudo_437392.shtml

http://www.sr-cio.org/index.php?option=com_content&view=article&id=441:licoes-dos-panteras-negras&catid=37:anti-rasismo&Itemid=91

http://www.espacoacademico.com.br/040/40creis.htm

http://maniadehistoria.wordpress.com/pesquisando-o-movimento-negro-no-brasil

http://www.pstu.org.br/opressao_materia.asp?id=3144&ida=18

http://www.sr-cio.org/index.php?option=com_content&view=article&id=440:o-partido-dos-panteras-negras-pela-auto-defesa&catid=37:anti-rasismo&Itemid=91

ALGUMAS DICAS DE DANÇAS AFRICANAS 

Nzila Kongo - Angola Ritmos e Danças




Dança de Nanã




Aprendendo a danças Kizomba



Gurpo Mochaka



Dança Caluto (Moçambique)



Dança Sunga Sunga



Dança Kizomba


Danças Africanas



Capoeira



Dança Kuduro



Dança Kuduro



Dança Iemanjá



Dança de Oxossi



Dança de Xangô