segunda-feira, 8 de junho de 2020

3º EJA

1ª SEMANA DE AULA

EIXO TEMÁTICO: Mundo Contemporâneo, República e Modernidade, Cidadania e
Democracia: de 1930 aos dias atuais

TEMA 1- Conflitos no Mundo Contemporâneo

HABILIDADE(S):
9.1. Analisar os impactos da prática política e do liberalismo brasileiros da Primeira
República sobre os segmentos menos favorecidos da população (trabalhadores urbanos,
camponeses e setores médios).

9.2. Discutir os movimentos sociais da época: exclusão
social e poder messiânico; questão fundiária, banditismo social e movimentos místico religiosos como reações às práticas liberais, em análise comparativa com situações do
tempo presente.

9.3. Analisar as ações do Estado republicano em favor da modernização e
seus impactos sobre a população, considerando a reação ao papel do discurso científico
(higienismo).

TÓPICOS/ CONTEÚDOS RELACIONADOS: Resistências e conflitos na Primeira República do
Brasil: embates políticos e culturais.

O nascimento da República no Brasil e os processos históricos
até a metade do século XX.


As primeiras medidas do governo provisório:


  • Exílio da família imperial, buscando evitar qualquer resistência monarquista. Dois dias após a Proclamação da República, Pedro II e familiares trocavam o Brasil pela Europa. O imperador deposto morreu dois anos depois, em Paris;

  • Organização de um novo ministério, no qual se destacavam Rui Barbosa (Ministro da Fazenda), Benjamin Constant (Ministro da Guerra) e Campos Sales (Ministro da Justiça);

  • Separação entre Igreja e Estado, sendo criados os registros civis de casamento e nascimento, antes atribuições da Igreja;

  • Concessão de nacionalidade brasileira a todos os estrangeiros residentes no país;

  • Adoção de uma nova bandeira em substituição à do Império;

  • Convocação de eleições de parlamentares que passariam a elaborar a primeira Constituição republicana. 




Podemos dividir a República Velha em dois períodos:

  • O primeiro período vai de 1889 a 1894, chamado de República da Espada, foi o período dominado pelos militares. Ganhou este nome, pois o Brasil foi governado por dois militares: Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

  • O segundo período vai de 1895 a 1930, chamado de República Oligárquica, foi o período dominado pelos Presidentes dos Estados, pois na época os atuais governadores eram chamados de presidentes.

A CONSTITUIÇÃO DE 1891



Preâmbulo 

“Nós, os representantes do Povo Brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para organizar um regime livre e democrático, estabelecemos, decretamos e promulgamos a seguinte Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil.” 

Influências

A constituição de 1891 foi inspirada na constituição dos Estados Unidos da América, com alta descentralização dos poderes, garantindo autonomia aos municípios e às antigas províncias, que passaram a ser denominadas “estados”. Foi inspirada no modelo federalista estadunidense, permitindo que se os estados organizassem de acordo com seus peculiares interesses, desde que não contradissessem a Constituição. Consagrou a existência de três poderes independentes entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário (o Poder Moderador, símbolo da monarquia, foi abolido).

Relação de Poder

Definiu-se a separação entre a igreja e o Estado:

as eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, o governo não interferiria mais na escolha de cargos do alto clero e extinguiu-se a definição de paróquia como unidade administrativa. Extinguiam-se os foros de nobreza, bem como os brasões particulares, não se reconhecendo privilégio aristocrático algum.

Sistema Eleitoral 

As eleições passaram a ser pelo voto direto, mas continuou a ser não-secreto; os candidatos a voto efetivo seriam escolhidos por homens maiores de 21 anos, à exceção de analfabetos, mendigos, soldados, mulheres e religiosos sujeitos ao voto de obediência. Coube ao Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições de cargos políticos federais, e às assembléias estaduais a regulamentação para as eleições estaduais e municipais, o que mudaria apenas a partir da constituição de 1934, com a criação da Justiça Eleitoral.

Duração

A elaboração da constituição brasileira de 1891 iniciou-se em 1890. Após um ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em 24 de fevereiro de 1891. Esta constituição vigorou durante toda a República Velha e sofreu apenas u
ma alteração em 1927. 


A REPÚBLICA VELHA NO BRASIL

1889-1891: Marechal Deodoro da Fonseca 


Alagoano, foi o primeiro presidente da República. Exerceu dois mandatos, sendo um provisório (de 15 de novembro de 1889 a 24 de fevereiro de 1891) e um constitucional (de 25 de fevereiro de 1891 a 23 de novembro de 1891). Foi eleito indiretamente. A Constituição de 1891 determinava que o presidente seria eleito pelo voto direto; mas estabelecia que, após a promulgação da Carta Magna, o primeiro presidente seria escolhido excepcionalmente pelo Congresso Nacional. 

Deodoro participou do cerco a Montevidéu e da Guerra do Paraguai. Ele havia sido comandante das Armas do Rio Grande do Sul e presidente provisório da província. Foi então que se envolveu na chamada "questão Militar" - série de eventos que colocou em confronto direto oficiais do Exército e políticos conservadores e monarquistas. Na ocasião, desafiou a monarquia. Deodoro era amigo pessoal de D. Pedro II, o que deu margem para seus opositores questionarem sua legitimidade para assumir o controle do novo regime. Sua atuação, contudo, não demonstrou que tentava restaurar a monarquia. 



1891-1894: Marechal Floriano Peixoto 


Alagoano, veterano da Guerra do Paraguai, havia sido eleito pelo Congresso vice-presidente do Brasil. Nove meses depois, com a renúncia forçada de Deodoro da Fonseca, ele seria o presidente efetivo. Restabeleceu o Congresso e suspendeu o estado de sítio. Foi considerado como o "consolidador da república" e lançou as bases de uma ditadura de "salvação nacional". 

Floriano fez um governo nacionalista, austero e centralizador. Tornou-se o "marechal de ferro". Queria a reeleição (que era constitucional), mas se recusou a dar um golpe articulado por seus aliados contra a posse do civil Prudente de Morais. 

Entre seus atos, estatizou a moeda, estimulou a indústria e baixou os preços de imóveis e de alimentos. Floriano também repreendeu movimentos monarquistas e proibiu o Jornal do Brasil, na época com inclinações monarquistas, de circular até o final de seu governo. Ele enfrentou a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, que só terminaria com vitória das tropas republicanas em 1895. Também enfrentou a Segunda Revolta da Armada.

REPÚBLICA OLIGÁRQUICA 


1894-1898: Pudente de Morais 


Paulista, advogado, reatou as relações diplomáticas com Portugal, rompidas com o auxílio dos portugueses aos marinheiros da Revolta da Armada; conseguiu a paz no Rio Grande do Sul, em 1895; e enfrentou a Campanha de Canudos, entre 1896 e 1897. 

Por motivo de saúde, afastou-se do governo, quando assumiu o vice-presidente Manuel Vitorino, em novembro de 1896, o que contribuiu para a ascensão dos florianistas ao poder. Prudente de Morais reassumiu e decretou estado de sítio. Ele aumentou a rede ferroviária e foi um dos fundadores do Partido Republicano Paulista, em 1901. 

Prudente de Morais foi o terceiro presidente do Brasil e o primeiro civil a assumir o cargo. No contexto da República Velha, ele representava a ascensão da oligarquia cafeicultora ao poder nacional, após um período em que ela dominava apenas o Legislativo. 

1898-1902: Campos Sales 


Paulista, advogado, instituiu a política dos governadores, chamada de política do café com leite, na qual predominavam os interesses de Minas Gerais e de São Paulo. Tentou obter o apoio do Congresso por meio de relações de clientelismo e favorecimento político entre o governo central e os estados. Criou o imposto do selo e o do consumo sobre produtos nacionais. Saiu vaiado do palácio, ao término de seu governo. 

Campos Sales escolheu como prioridade econômica a negociação de um acordo com a Inglaterra para a suspensão de pagamento de juros da dívida. Temporariamente livre do pagamento das prestações, o governo levou adiante a sua política de saneamento econômico. Combateu a inflação e os déficits orçamentários; aumentou impostos e fez cortes de despesas. Elevou o câmbio, com o objetivo de valorizar a moeda. Após o mandato presidencial, foi senador por São Paulo e diplomata na Argentina. 

1902-1906: Rodrigues Alves 


Paulista, advogado, foi eleito em 1902 com o apoio de São Paulo e de Minas Gerais. No poder, revelou-se mais conservador do que republicano. Colocou-se acima dos partidos. Seu governo foi marcado pela reurbanização da cidade do Rio de Janeiro. Outro destaque foi seu envolvimento na Revolta da Vacina, em 1904, quando venceu os militares rebeldes da Escola da Praia Vermelha. 

Rodrigues Alves foi o ultimo paulista presidente do Brasil no período da República Velha. Foi eleito duas vezes. Cumpriu o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo (que deveria se estender de 1918 a 1922). Sua administração financeira foi muito bem-sucedida, devido ao ciclo da borracha. Em seu governo, o Brasil atingiu 97% da produção mundial de borracha. Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis. 

1906-1909: Afonso Pena 


Mineiro, advogado, assumiu a Presidência após três paulistas terem ocupado sucessivamente o cargo e deu continuidade à política do café com leite. Apesar de vir da terra do leite, foi um presidente "cafeeiro". Menos ortodoxo em matéria fiscal e financeira do que Rodrigues Alves, fez um empréstimo com a Inglaterra, no valor de 15 milhões de libras, para custear a intervenção do Estado no mercado do café. Incentivou a internacionalização do mercado cafeeiro e estabeleceu a política da desvalorização da moeda nacional. 

Sua administração não se prendeu totalmente a interesses regionais: incentivou a criação de ferrovias e interligou a Amazônia ao Rio de Janeiro pelo fio telegráfico, por meio de uma expedição de Cândido Rondon. Fez a primeira compra estatal de estoques de café, transferindo os encargos da valorização do café para o governo federal. 

1909-1910: Nilo Peçanha 


Fluminense, advogado, desencadeou uma crise na política do café com leite. Assumiu a Presidência da República após o falecimento de Afonso Pena, em 14 de junho de 1909, e governou até 15 de novembro de 1910. 

Ao apoiar abertamente a candidatura de Hermes da Fonseca, Peçanha foi forçado a romper não só com o Partido Republicano Paulista, mas também com o Partido Republicano Fluminense, do qual havia sido um dos fundadores. Apesar disso, Nilo Peçanha procurou montar um ministério de conciliação e fazer um governo moderado e pacifista. 

Interviu na Bahia, em Sergipe, no Maranhão e no Amazonas, a fim de conter rebeliões populares. Deu continuidade à política fiscal e financeira de Afonso Pena e manteve os incentivos à construção de estradas de ferro (para escoar o café) e frigoríficos. Além disso, criou o Serviço de Proteção aos Índios (entregue a Cândido Rondon) e o Ministério da Agricultura. 

1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca 


 Gaúcho, militar, enfrentou a Revolta da Chibata, chefiada pelo marinheiro João Cândido no início de seu governo. Promulgou a lei do serviço militar obrigatório e saneou a Baixada Fluminense. Contraiu novos empréstimos externos para a defesa do café. Em seu governo, houve expansão das linhas telegráficas e férreas. De 1913 a 1914, dissidências partidárias provocaram a revolta dos Jagunços ou do Padre Cícero, em Juazeiro (CE) e na região do Contestado, dominada pelos seguidores do monge João Maria. 

Depois do mandato presidencial, elegeu-se senador pelo Rio Grande do Sul, mas renunciou antes de iniciar o mandato, partindo para a Europa e só retornando em 1920. Durante o governo de Epitácio Pessoa, foi preso como presidente do Clube Militar devido a uma conspiração militar arquitetada contra o governo. Foi solto seis meses depois. 

1914-1918: Wenceslau Brás 


Mineiro, advogado. Rompeu relações diplomáticas com a Alemanha reconhecendo o estado de guerra, em 26 de outubro de 1917. Por causa da 1ª Guerra Mundial (1914-18), o Brasil teve um crescimento industrial imediato para suprir a demanda de produtos que não podiam mais ser importados da Europa. Brás promulgou o primeiro Código Civil brasileiro, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1916. 

Foi em seu governo que o Brasil entrou na 1ª Guerra Mundial, em resposta ao ataque a navios brasileiros, em 26 de outubro de 1917, por submarinos alemães. Devido às dificuldades para importar produtos manufaturados da Europa durante o seu mandato, causadas pela guerra, Brás incentivou a industrialização. Faleceu em 15 de maio de 1966, aos 98 anos. Entre os presidentes brasileiros, foi o que teve a vida mais longa. 

1918-1919: Delfim Moreira 


Mineiro, advogado, exerceu a Presidência de 15 de novembro de 1918 a 28 de julho de 1919. Pertencente à geração de republicanos históricos mineiros, foi deputado estadual de 1894 a 1902. Moreira também presidiu a província de Minas Gerais, de 1914 a 1918. Vice na chapa de Rodrigues Alves, assumiu a presidência em virtude da morte do titular, vítima da Gripe Espanhola. Ficou no cargo até que fossem convocadas novas eleições (na época, a Constituição previa que o vice-presidente só assumiria provisoriamente, caso o presidente morresse antes da posse). 

No seu governo, o Brasil foi representado pela primeira vez na Conferência de Paz, em Paris, pelo senador Epitácio Pessoa - que seria eleito presidente em 13 de maio, em disputa com Rui Barbosa. Logo após a volta do novo presidente do exterior, Delfim Moreira passou-lhe o cargo, voltando à vice-presidência. Seu curto mandato ficou conhecido como "regência republicana". 

1919-1922: Epitácio Pessoa 


Paraibano, advogado. Desde o início do seu governo, tentou assegurar o apoio dos maiores estados da Federação. Além da construção de mais de mil quilômetros de ferrovias no sul do Brasil, a maior obra do governo Epitácio Pessoa foi o Programa de Combate à Seca no Nordeste, com a construção de aproximadamente 200 açudes. Diante do que julgavam ser um "protecionismo ao Nordeste", os paulistas exigiram que uma quantia similar fosse destinada a "valorizar" outra vez o café. Ao ceder às pressões, Pessoa liberou os recursos reivindicados, o que forçou novo aumento no preço do produto. 

Professor de Direito, Epitácio Pessoa foi deputado no Congresso Constituinte de 1890 a 1891; ministro da Justiça no Governo Campos Sales; e exerceu simultaneamente os cargos de ministro do Supremo Tribunal Federal e de procurador-geral da República de 1902 a 1905. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, chefiou a embaixada do Brasil na Conferência de Paz de Versalhes, em 1919. 

1922-1926: Arthur Bernardes 


Mineiro, advogado, sofreu com uma estratégia de seus adversários: durante a campanha para presidente, em 1922, foram divulgadas cartas falsas atribuídas a Bernardes que insultavam os militares. Depois de sua posse, em 15 de novembro de 1922, rebelaram-se a Escola Militar, o Forte de Copacabana e a Guarnição de Mato Grosso, na chamada Revolta dos Tenentes. Bernardes ordenou, então, o fechamento dos sindicatos e dos jornais de esquerda. Reformou a Constituição, em 1926, com o objetivo de restringir a exploração de recursos do subsolo. Ao deixar a presidência, foi eleito senador. 

Sua carreira política começou como vereador e presidente da Câmara Municipal de Viçosa, em 1906. Foi também deputado federal (de 1909 a 1910 e de 1915 a 1917), e presidente do estado de Minas Gerais entre 1918 e 1922, além de ocupar a secretaria de finanças do estado em 1910. 

Bernardes participou da chamada Revolução de 1930, que tirou a oligarquia paulista do domínio federal. Participou também da Revolução Constitucionalista de 1932. Fracassado este último movimento, Artur Bernardes foi obrigado a se exilar em Portugal. De volta ao Brasil, em 1935, foi eleito deputado federal, mas já em 1937 perdeu o mandato devido ao golpe do Estado Novo. Com o restabelecimento da democracia em 1945, elegeu-se novamente deputado, cargo que ocupou até a morte, em 1955. 

1926-1930: Washington Luís 


Fluminense, advogado, suspendeu o estado de sítio, estimulou a expansão rodoviária, aumentou a reserva de ouro, remodelou a área urbana do Rio de Janeiro (então a capital federal) e desenvolveu uma política de valorização do café. Na época da sucessão, a Aliança Liberal reuniu as oposições em torno da candidatura de Getúlio Vargas contra Júlio Prestes, candidato oficial de Washington Luís. 

Júlio Prestes

Ao perder as eleições, os rio-grandenses se rebelaram, em 3 de outubro, sob o comando do tenente-coronel Pedro Aurélio de Góes Monteiro, que marchou para São Paulo. As Forças Armadas depuseram o presidente da República na chamada Revolução Liberal, em 24 de outubro de 1930. Formaram, então, uma Junta Militar com os generais Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Menna Barreto e o contra-almirante José Isaías de Noronha. Terminava aí a República Velha.

Augusto Tasso Fragoso


João de Deus Menna Barreto


José Isaías de Noronha


AS REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA

FAAP

Durante muito tempo , a história tradicional fez vista grossa para a opressão e a miséria que vitimava o povo . Quando ficou impossível ocultar a exploração , criaram mentiras sobre o caráter brasileiro. Mentira segundo a qual somos tontos e conformados com a vida subdesenvolvida que levamos . Mas as revoltas político-sociais mostravam, claramente que não somos tão pacíficos e cordeiros como a velha história quer mostrar.

Revoltas Messiânicas
A fé popular e a luta contra a opressão


O termo messianismo é usado para designar os movimentos sociais em que milhares de sertanejos fundaram importantes comunidades comandadas por um líder religioso e a ele era atribuído qualidades como o dom de fazer milagres , realizar curas e profetizar acontecimentos .

O messianismo desenvolveu-se em áreas rurais pobres que reagiram a miséria. Seus componentes Básicos eram: a religiosidade do sertanejo e seu sentimento de revolta contra a miséria , a opressão e as injustiças das republicas dos coronéis.

A Luta Possível

Muita coisa divulgou-se sobre Antônio Conselheiro e sua gente , diziam que eram loucos , monar- quistas e comunistas . Durante muito tempo esconderam a verdade e o motivo que unia os sertanejos em canudos : a vontade de escapar da fome e da violência do sertão.

Conseguindo reunir um grande número de seguidores , Antônio Conselheiro estabeleceu em canudos, um velho arraial no sertão baiano . Em pouco tempo canudos era uma das cidades mais povoadas da Bahia .

Eles viviam num sistema comunitário , em que as colheitas , rebanhos e os frutos eram repartidos entre todos. Ninguém possuía nenhuma propriedade , pois os únicos bens era a roupa, moveis , etc...

Com isso fazendeiros começaram a temer o poder de Antônio Conselheiro e exigiram do governo estadual que acabasse com o arraial de Canudos. Nisso travou-se grandes batalhas até que um dia , organizou-se um exército de 7 mil homens , que destruiu Canudos completamente e toda população sertaneja morreu defendendo sua comunidade.


A Revolta de Canudos (1893 – 1897)

Assistam o filme, Guerra de canudos


No governo de Prudente de Morais eclodiu um grande movimentos de revolta social entre os humildes sertanejos baianos . O líder dos sertanejos era Antônio Vicente Mendes Maciel , mais conhecido como Antônio Conselheiro. Esse homem, senhor de fervorosa religiosidade, foi considerado missionário de Deus pela vasta legião de sertanejos que , desiludidos das autoridades constituídas escutavam suas pregações político – religiosas.

Guerra de Canudos - História do Brasil | Manual do Enem

Não compreendendo certas mudanças surgidas com a republica , Antônio Conselheiro declarava-se, por exemplo, contra o casamento civil e por isso foi identificado como um fanático religioso e monarquista.
A Guerra do Contestado (1912 – 1916)



Além de canudos , outro grande movimento messiânico ocorreu na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina . Nessa região era muito grande o número de sertanejos sem – terra e famintos que viviam sob dura exploração dos fazendeiros e duas empresas norte-americanas que ali atuavam.

Os sertanejos do Contestados se organizaram e eram liderados por João Maria , Logo após sua morte outro monge, conhecido como José Maria (seu nome verdadeiro era Miguel Lucema Boa Ventura)

REVOLTAS POPULARES. - ppt carregar

José Maria reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundaram alguns povoados chamados “Monarquia Celeste” , como em Canudos , os sertanejos do Contestados foram violentamente perseguidos e expulsos das terras que ocupavam . Em novembro de 1912 , o monge José Maria Foi morto e seus seguidores tentaram resistir e foram arrasados por tropas de 7 mil homens armados de canhões , metralhadoras e até aviões de combate.



A Revolta da Vacina ( 1904 )
A fúria popular explode nas ruas do Rio de Janeiro



No Governo do Presidente Rodrigues Alves ( 1902 – 1906 ) , o Rio de Janeiro , capital da republica , já era uma cidade com graves problemas urbanos e sociais: pobreza , desemprego , lixo , muitos ratos e mosquitos transmissores de doenças. Muitas pessoas morriam em conseqüência de epidemias como febre amarela , peste bribonica e varíola.

O governo decidiu, modernizar a cidade e tomar medidas drásticas contra as epidemias ,derrubou cortiços ,casebres e a população dali foram expulsas , Depois disso, o Prefeito Pereira Passos iniciou as obras de modernização da cidade. Para combater as epidemias teve o conselho do sanitarista Osvaldo Cruz que organizou um exército de funcionários da saúde e começou a destruir focos de ratos e mosquitos.
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Osvaldo Cruz convenceu o presidente a decretar uma lei de vacinação obrigatória contra a varíola, o que gerou a revolta da população que diziam ser uma falta de vergonha as mulheres a se vacinar, pois achavam que as vacinas eram aplicadas nas partes intimas das mulheres.

O resultado de tanta reação foi uma revolta popular que explodiu pelas ruas do Rio de Janeiro , que o governo conseguiu controlar com tropas do corpo de bombeiros e a cavalaria.

A Revolta da Chibata ( 1910 )
Os marinheiros sob o comando do Almirante Negro




No final do governo do presidente Nilo Peçanha , estourou uma revolta de 2 mil marujos da marinha brasileira liderada pelo marinheiro João Cândido.

Primeiramente , os revoltosos tomaram o comando do navio Minas Gerais , matando na luta o comandante e três oficiais que resistiram. Depois, assumiram o controle dos navios São Paulo , Bahia e Deodoro em seguida apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comunicado ao presidente explicando as razões da revolta .



Queriam mudanças no código de disciplina da marinha , que punia as faltas graves com 25 Chibatadas. O governo cedeu e aprovou um projeto que acabava com as chibatadas e anistiava os revoltosos , mas o governo não cumpriu a promessa , esquecendo a anistia , decretou a expulsão de vários marinheiros e a prisão de alguns lideres .

João Cândido foi preso , julgado e absolvido em 1912. Passou para a história como o Almirante Negro que acabou com as chibatadas na marinha do Brasil.


O Tenentismo
A rebelião dos jovens militares

No inicio da década de 1920 , crescia o descontentamento social contra o sistema oligárquico que dominava a política brasileira.
Esse descontentamento partiu da população dos grandes centros urbanos , que não estava diretamente sujeitas às pressões dos “coronéis” . O clima de revolta atingiu as forças armadas , difundindo – se sobretudo entre os tenentes.

Surgiu então, o tenentismo , um movimento político – militar que pela luta armada , pretendia conquistar o poder e fazer reformas na sociedade.

Os tenentes pregavam a moralização da administração publica , o fim da corrupção eleitoral o fim do voto aberto e queriam uma reforma na educação , para que o ensino fosse para todos os brasileiros. Eles conseguiram a simpatia da classe média e do proletariado , mas não da classe operária , que para eles estabelecia a verdadeira posição entre exploradores e explorados.

A Revolta do Forte de Copacabana (1922)

A primeira revolta tenentista eclodiu no dia 5 de julho de 1922 e foi liderada por 18 tenentes , que reunindo uma tropa de 300 homens , decidiram agir contra o governo e impedir a posse do presidente Artur Bernades. Mas a revolta não teve êxito com uma tropa superior a deles o governo acabou ganhando a batalha e dessa luta apenas dois rebeldes escaparam com vida : Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

A Revolta de (1924)

Fracassada a revolta do Forte de Copacabana , Artur Bernades tomou posse da presidência. Teve porem que enfrentar, dois anos depois, uma nova revolta tenentista.

A revolta liderada pelo General Isidoro Dias Lopes , Pelo tenente Juares Távora e por políticos , como Nilo Peçanha , eclodiu em São Paulo , Também no dia 5 de Julho.

Com uma tropa de aproximadamente 1000 Homens os revolucionários ocuparam lugares estrategicos da cidade de São Paulo . Durante a ocupação , diversas batalhas foram travadas entre os rebeldes e as tropas do governo.

O governo paulista fugiu da capital , indo para outro lugar próximo , onde recebeu ajuda do Rio de Janeiro e preparou uma violenta ofensiva contra os rebeldes , percebendo que não tinha mais como resistir , o General Isidoro Dias Lopes , decidiu abandonar a cidade . Com uma numerosa e bem armada tropa, formou a Coluna Paulista , que tinha como objetivo continuar a luta contra o governo, levando a revolução para outros Estados do Brasil.

A revolta do Forte de Copacabana , a Revolução de 1924 , não produziram efeitos imediatos na estrutura política Brasileira , Contudo , conseguiram manter a chamada revolta contra o jugo das Oligarquias.


Vejam o documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=EdYDYjwS7CY - A Revolução Esquecida (Catanduvas)

Semana de Arte Moderna



A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922.

O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras.

Os artistas envolvidos propunham uma nova visão de arte, a partir de uma estética inovadora inspirada nas vanguardas europeias.

Juntos, eles visavam uma renovação social e artística no país e que foi deflagrada pela "Semana de 22".

O evento chocou grande parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos artísticos, bem como a apresentação de uma arte “mais brasileira”.

Houve um rompimento com a arte acadêmica, inaugurando assim, uma revolução estética e o Movimento Modernista no Brasil.

Mário de Andrade foi uma das figuras centrais e principal articulador da Semana de Arte Moderna de 22. Ele esteve ao lado de outros organizadores: o escritor Oswald de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti.


Catálogo e cartaz da Semana de Arte Moderna, produzidos pelo artista Di Cavalcanti
Veja também: Modernismo no Brasil.

Características da Semana de Arte Moderna

Uma vez que o intuito principal desses artistas era chocar o público e trazer à tona outras maneiras de sentir, ver e fruir a arte, as características desse momento foram:

  • Ausência de formalismo;
  • Ruptura com academicismo e tradicionalismo;
  • Crítica ao modelo parnasiano;
  • Influência das vanguardas artísticas europeias (futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo, expressionismo);
  • Valorização da identidade e cultura brasileira;
  • Fusão de influências externas aos elementos brasileiros;
  • Experimentações estéticas;
  • Liberdade de expressão;
  • Aproximação da linguagem oral, com utilização da linguagem coloquial e vulgar;
  • Temáticas nacionalistas e cotidianas.
  • Veja também: Arte Moderna 
A Semana de 1922: Resumo

No centenário da Independência do país, ocorrida em 1822, o Brasil passava por diversas modificações sociais, políticas e econômicas (advento da industrialização, fim da primeira guerra mundial, etc.).

Surge a necessidade de recorrer a uma nova estética, e daí nasce a "Semana de Arte Moderna".

Ela esteve composta por artistas, escritores, músicos e pintores que buscavam inovações estéticas. O intuito era criar uma maneira de romper com os parâmetros que vigoravam nas artes em geral.

A maioria dos artistas eram descendentes das oligarquias cafeeiras de São Paulo, que junto aos fazendeiros de Minas, formavam uma política que ficou conhecida como “Café com Leite”.

Esse fator foi determinante para a realização do evento, uma vez que foi respaldado pelo governo de Washington Luís, na época governador do Estado de São Paulo.

Além disso, a maioria dos artistas, os quais possuíam possibilidades financeiras para viajar e estudar na Europa, trouxeram para o país diversos modelos artísticos. Assim, unidos à arte brasileira, foi se formando o movimento modernista no Brasil.

Com isso, São Paulo demostrava (em confronto com o Rio de Janeiro) novos horizontes e uma figura de protagonismo na cena cultural brasileira.

Para Di Cavalcante, a semana de arte:

"Seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista."

Foi assim que durante três dias (13, 15 e 17 de fevereiro) essa manifestação artística, política e cultural reuniu jovens artistas irreverentes e contestadores.


O evento foi inaugurado pela palestra do escritor Graça Aranha: “A emoção estética da Arte Moderna”; seguido de apresentações musicais e exposições artísticas. O evento estava cheio e foi uma noite relativamente tranquila.

No segundo dia, houve apresentação musical, palestra do escritor e artista plástico Menotti del Picchia, e a leitura do poema “Os Sapos” de Manuel Bandeira.

Ronald de Carvalho fez a leitura, pois Bandeira encontrava-se em uma crise de tuberculose. Nesse poema, a crítica à poesia parnasiana era severa, o que causou indignação do público, muitas vaias, sons de latidos e relinchos.

Por fim, no terceiro dia, o teatro estava mais vazio. Houve uma apresentação musical com mistura de instrumentos, exibida pelo carioca Villa Lobos.

Nesse dia, o músico subiu ao palco vestindo casaca e calçando em um pé sapato e no outro um chinelo. O público vaiou pensando que se tratasse de uma atitude afrontosa, mas depois foi explicado que o artista estava com um calo no pé.


Principais ArtistasComissão Organizadora da Semana de Arte Moderna. Da esquerda para a direita: Manuel Bandeira é o segundo e Mário de Andrade, o terceiro; Oswald de Andrade aparece em primeiro plano.

Alguns artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922:
Mário de Andrade (1893-1945)
Oswald de Andrade (1890-1954)
Graça Aranha (1868-1931)
Tarsila do Amaral (1886-1973)
Victor Brecheret (1894-1955)
Plínio Salgado (1895-1975)
Anita Malfatti (1889-1964)
Menotti Del Picchia (1892-1988)
Ronald de Carvalho (1893-1935)
Guilherme de Almeida (1890-1969)
Sérgio Milliet (1898-1966)
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Tácito de Almeida (1889-1940)
Di Cavalcanti (1897- 1976)
Veja também: A Linguagem do Modernismo
Repercussão da Semana de 22

A crítica ao movimento foi severa, as pessoas ficaram desconfortáveis com tais apresentações e não conseguiram compreender a nova proposta de arte. Os artistas envolvidos chegaram a ser comparados aos doentes mentais e loucos.

Com isso, ficou claro que faltava uma preparação da população para a recepção de tais modelos artísticos.

Monteiro Lobato foi um dos escritores que atacou com veemência as ações da Semana de 22.

Anteriormente, ele já havia publicado um artigo criticando as obras de Anita Malfatti, em uma exposição da pintora realizada em 1917.

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (..) A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se dêem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranóia e com a mistificação(...) Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia.
Desdobramentos da Semana de 22

Após a Semana de Arte Moderna, considerada um dos marcos mais importantes na história cultural do Brasil, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos.

A partir disso, diversos grupos de artistas se reuniam com o intuito de disseminar esse novo modelo. Destacam-se:

Revista Klaxon (1922)

Revista Estética (1924)
Movimento Pau-Brasil (1924)
Movimento Verde-Amarelo (1924)
A Revista (1925)
Manifesto Regionalista (1926)
Terra Roxa (1927)
Outras Terras (1927)
Revista de Antropofagia (1928)
Movimento Antropofágico (1928)Capa do primeiro exemplar da Revista Klaxon, publicada em maio de 1922

Podemos também citar outros desdobramentos culturais que inspiraram-se nas ideias dos modernistas, como o Tropicalismo e a geração da Lira Paulistana, nos anos 70, e inclusive a Bossa Nova.

Vejam os documentários:


2ª SEMANA DE AULA

EIXO TEMÁTICO: Mundo Contemporâneo, República e Modernidade, Cidadania e
Democracia: de 1930 aos dias atuais

TEMA 1- Embates Políticos e Culturais no Processo de Construção e Afirmação do Estado
Nacional.


HABILIDADE(S):
9.1. Analisar os impactos da prática política e do liberalismo brasileiros da Primeira
República sobre os segmentos menos favorecidos da população (trabalhadores urbanos,
camponeses e setores médios).
10.1. Identificar e analisar por meio de dados quantitativos (dados censitários na forma de
gráficos e tabelas) impactos do processo de industrialização/ urbanização, imigração
sobre a organização do trabalho e práticas sociais e políticas.
10.2. Identificar e analisar por meio de dados quantitativos (dados censitários na forma de
gráficos e tabelas) a preponderância da cafeicultura sobre os outros setores da economia
brasileira.

TÓPICOS/ CONTEÚDOS RELACIONADOS: Estrutura constitucional, agrupamentos políticos, forças sociais e simbologia do poder.

O coronelismo e o voto de cabresto


República Oligárquica Desenhada

No final do século XIX, a economia brasileira continuava a ser agrária: a maioria da população residia e trabalhava na zona rural e era controlada pelos grandes proprietários de terra, chamados coronéis.

Por sua vez, a Constituição republicana havia instituído o voto aberto, não secreto.

Os coronéis, então, criaram maneiras para controlar o processo eleitoral: impunham o nome de determinado candidato aos eleitores e os coagiam por meio da atuação dos jagunços. Além disso, em troca do voto prometiam aos eleitores favores de diversas espécies, como proteção, dinheiro, roupas, emprego e cuidados médicos, que nem sempre eram cumpridos. Essa prática ficou conhecida como o voto de cabresto.

Além de controlar o eleitorado, os coronéis fraudavam as eleições para garantir o resultado desejado. Habilitavam, por exemplo, eleitores fantasmas, substituíam os votos das urnas e alteravam as planilhas com o resultado final.

A política dos governadores


Voto de cabresto


Durante o Governo de Campos Sales (1898-1902), iniciou-se a chamada política dos governadores. A prática consistia num acordo em que os governadores estaduais, em apoio ao governo federal, ajudavam a eleger deputados e senadores favoráveis ao presidente da República. Em troca, este prometia não intervir no governo estadual, o que garantia a continuação do poder dos grandes fazendeiros locais.

Nesse período também foi criado um órgão sob controle do presidente, chamado Comissão de Verificação. Esse órgão tinha a função de dar a palavra final sobre a posse de deputados e senadores eleitos. Aqueles que fossem da oposição sofriam a degola, isto é, não eram empossados, em geral sob a acusação de fraude.

No plano municipal, os governadores recebiam o apoio dos coronéis. Criava-se, assim, uma corrente que, de um lado, ligava os poderes dos grandes fazendeiros estaduais aos redutos eleitorais nos municípios, e de outro, associava esses fazendeiros ao governo federal.


O acordo do café com leite


São Paulo e Minas Gerais representavam, durante a Primeira República, as principais forças econômicas do país: o primeiro estado era responsável pela maior parte da produção de café e Minas, além de produzir café, respondia também pela criação do gado leiteiro.

Ao mesmo tempo, ambos estados eram populosos e tinham o maior número de eleitores. Isso tornava os fazendeiros desses dois estados os mais fortes do Brasil. Os líderes políticos de São Paulo e Minas indicavam e sustentavam o presidente de acordo com seus interesses e eram respaldados pelos grupos dominantes dos demais estados.

Em Minas Gerais, o Partido Republicano Mineiro (PRM) e, em São Paulo, o Partido Republicano Paulista (PRP), uniam as elites regionais e estaduais. Atuando de forma coesa, controlavam a política nacional, num esquema que passou à história com o nome de política do café com leite. Assim, buscaram garantir que a partir de Campos Sales, os presidentes da República fossem indicados por paulistas ou mineiros. E assim conseguiram nas eleições presidenciais até 1930, com apenas duas exceções: a do alagoano Hermes da Fonseca e a do paraibano Epitácio Pessoa.


A economia cafeeira na Primeira República


No início da República, o plantio de café aumentou de forma significativa. A área cafeeira do Vale da Paraíba estava em decadência desde o final do Império, devido à devastação dos solos que provocara a queda da produtividade e a desvalorização das terras. Muitos fazendeiros da região transferiram seus capitais para o Oeste Paulista, onde as condições de relevo, clima, pluviometria e fertilidade do solo eram melhores para a produção do café. Além das condições geográficas favoráveis, as técnicas de plantio e beneficiamento na região do Oeste Paulista eram mais modernas, o que aumentava a produtividade.

Pouco antes da proclamação da República, São Paulo já era a primeira Província produtora de café. O Rio de Janeiro, até então o principal produtor, entrou em decadência, sendo superado por Minas Gerais em 1896 e pelo Espírito Santo em 1928. Minas, o segundo produtor, manteve uma linha de crescimento estável e lenta.

O crescimento da produção cafeeira entre 1888 e 1895 estava ligado ao aumento dos preços no mercado internacional, que até então se mantinham estáveis e relativamente altos. Em 1896 houve uma safra recorde de 14 milhões de sacas e o preço do café caiu; a queda continuou no ano seguinte. Os baixos preços do café tornavam a balança de pagamentos desfavorável, o que impossibilitava o governo de saldar as dívidas com os credores estrangeiros.

 

O Convênio de Taubaté

Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.

Isso se chamou “política de valorização do café”. O Convênio de Taubaté foi a primeira intervenção do Estado na economia em benefício dos produtores de café.


3ª SEMANA DE AULA

EIXO TEMÁTICO: Mundo Contemporâneo, República e Modernidade, Cidadania e Democracia: de 1930 aos dias atuais.

 TEMA 2- Trabalho e Produção na Sociedade Brasileira entre o Império e a Primeira República.


HABILIDADE(S):
10.1. Identificar e analisar por meio de dados quantitativos (dados censitários na forma de
gráficos e tabelas) impactos do processo de industrialização/ urbanização, imigração
sobre a organização do trabalho e práticas sociais e políticas.

10.2. Identificar e analisar por meio de dados quantitativos (dados censitários na forma de
gráficos e tabelas) a preponderância da cafeicultura sobre os outros setores da economia
brasileira.

10.3. Analisar as diferentes formas de sobrevivência dos libertos.

CONTEÚDOS RELACIONADOS: O Brasil no quadro do capitalismo ocidental no início do século XX

A ECONOMIA NA REPÚBLICA VELHA

Café [Coffe] (1935) - Candido Portinari (1903 - 1962) | Flickr
O café, 1934, óleo sobre tela de autoria de Cândido Portinari.

.Ao longo do século XIX, o café ganhou importância nas exportações brasileiras e se tornou o esteio da economia nacional. A partir de 1870, a produção cafeeira adquiriu caráter capitalista e modificou as relações sociais no Brasil.
O desenvolvimento do café no Segundo Reinado

A economia brasileira, no século XVIII, atravessava um período de dificuldades provocadas pelo declínio da economia açucareira e da mineração. A produção de café, iniciada em meio a essa crise, representou a recuperação econômica e a inserção do Brasil no mercado mundial, nos moldes capitalistas.

Introduzida no Brasil no início do século XVIII, a cafeicultura ocupou inicialmente as províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. No século XIX, a produção chegou à província de São Paulo, primeiro no vale do Paraíba e, depois, na região denominada Oeste Paulista.

O vale do Paraíba fluminense e paulista viveu um período de opulência, em que os grandes proprietários de terras e escravos, que haviam recebido ou comprado títulos de nobreza do governo imperial, eram denominados “barões do café”. Cercavam-se de luxo, vivendo em imensas fazendas ornamentadas com objetos importados da Europa.


O mercado mundial do café se ampliava, na medida em que o produto deixava de ser um artigo de luxo para se incorporar à cultura e ao consumo cotidiano das populações em diversos lugares do mundo. A participação do café brasileiro no mercado mundial elevou-se de 20% na década de 1820 para mais de 50%, entre 1880 e 1889.

O vale do Paraíba, no entanto, deixou de ser a principal região produtora. Embora o clima fosse favorável e a localização geográfica facilitasse o escoamento da produção – graças aos portos da baía de Guanabara e aos portos do litoral sul (Parati, Angra dos Reis etc.) o cultivo extensivo e predatório causou o esgotamento do solo.

A partir de 1870, o declínio da cafeicultura no vale do Paraíba acentuou-se, e a produção se expandiu para o Oeste Paulista, inicialmente em tomo de Campinas e Ribeirão Preto, e depois, gradativamente, avançando para o Paraná. No Oeste Paulista, o solo de terra roxa era mais fértil que o do vale do Paraíba. A topografia também era mais favorável, permitindo o cultivo em grandes extensões contínuas de terra, em lugar das encostas de montes do vale do Paraíba.

O café e as novas relações de produção

Estruturada a princípio na grande propriedade agroexportadora e na mão-de-obra escrava, a economia cafeeira, a partir da segunda metade do século XIX, passou a adotar progressivamente o trabalho livre.

O tráfico negreiro foi extinto em 1850, e a expansão da lavoura cafeeira no Oeste Paulista aumentava a necessidade de mão-de-obra. Com o objetivo de atrair imigrantes para o Brasil, o governo lançou campanhas na Europa, distribuindo folhetos que prometiam terra e fartura.


Os imigrantes europeus, como portugueses, alemães, espanhóis, suíços e italianos, começaram a chegar em grandes levas, alterando as relações de trabalho no Brasil. Ao mesmo tempo, a produção se modernizava e o transporte ferroviário substituía o transporte do produto em tropas de burros, permitindo o escoamento da produção do Oeste Paulista pelo porto de Santos.

O comércio exterior se dinamizou, com a exportação crescente de café e a importação de produtos franceses e ingleses para atender aos novos núcleos urbanos, estimulando o desenvolvimento do sistema bancário.

O café e o capital inglês

A expansão da cafeicultura brasileira deu-se no contexto da Segunda Revolução Industrial, desencadeada sobretudo na Inglaterra. Interessados em expandir seus mercados, os investidores ingleses aplicaram vultosos recursos no Brasil.

A influência da Inglaterra na economia brasileira vinha desde os tempos coloniais, e se ampliou quando a família real transferiu-se para o Brasil em 1808. Sob ameaça de invasão de Portugal pela França, os portugueses decidiram refugiar-se no Brasil, contando com o apoio dos ingleses. Em retribuição, o rei dom João declarou o fim do monopólio português sobre o comércio colonial, permitindo o comércio direto dos ingleses com o Brasil.

No século XIX, o capital inglês tomou-se ainda mais presente na economia brasileira, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, com investimentos na construção de ferrovias, portos e no transporte urbano. A feição dos centros urbanos se modificou, contando com mais estabelecimentos comerciais, bancos, iluminação, telégrafos, um novo traçado das ruas e, já no final do século XIX, a presença de bondes elétricos, em substituição aos de tração animal.

A modernização, contudo, produziu contrastes sociais: as mansões dos barões do café e as melhorias urbanas conviviam com a proliferação dos cortiços.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

OS BONDES DO BRASIL

Um dos grandes empresários brasileiros que se destacaram no processo de modernização do Brasil foi Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, depois visconde de Mauá.


Convênio de Taubaté: 
política de valorização do café

Durante toda a República Velha, vários presidentes adotaram medidas visando a sanear a economia nacional ou à valorizar o café.

Na Presidência de Rodrigues Alves, os governos de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, os três maiores estados produtores de café, reuniram-se na cidade paulista de Taubaté para estabelecerem uma política de valorização do café, que já apresentava elevadas taxas de produção e uma demanda cada vez menor.

O excesso de produção e o consumo em baixa causavam prejuízo aos cafeicultores, que, por sua vez, recorreram à autonomia que o federalismo republicano lhes dava para elaborarem plano em comum para recuperarem os preços no mercado internacional do café.

O Convênio de Taubaté, como ficou conhecido, estabelecia:
  • os governos dos três estados comprariam e estocariam o café excedente em seus respectivos territórios, mediante empréstimos obtidos no exterior;
  • o pagamento dos empréstimos seria garantido através de uma taxa cobrada por saca exportada e seu valor fixado em ouro, independentemente do valor deste no mercado internacional;
  • evitar novos plantios de café no Brasil.

Apesar de o Presidente Rodrigues Alves (que também era cafeicultor) ser contra, assim como os credores internacionais, entre eles os banqueiros Rothschild, os banqueiros alemães realizaram os empréstimos necessários para a efetivação do Convênio.


O café era o principal produto de exportação brasileiro, sustentáculo da hegemonia política dos estados de maior produção e gerando recursos para investimentos em outros setores da economia, como a indústria e o comércio.

Consequências

As repercussões do Convênio de Taubaté não se limitaram ao Brasil: ao se manterem de forma artificial os preços do café, cafeicultores de outras nações aumentaram a produção para também se beneficiarem do bom preço mantido. Assim, o excedente no Brasil aumentava, aumentando também a dívida externa brasileira com os credores internacionais.

A “Política de Valorização do Café” acabou também concorrendo para o desenvolvimento industrial brasileiro: à medida que o governo adotava medidas de desvalorização cambial, as moedas estrangeiras tornavam-se caras, dificultando a importação e favorecendo a indústria nacional. Porém, se, por um lado, favorecia o mercado interno, por outro lado, dificultava aos industriais a aquisição de maquinários para a modernização das fábricas.

Outro fator que diz respeito à política do café e que interferia na produção industrial: à medida que os setores agroexportadores mantinham o café em alta, apesar da crescente dívida externa, mantinham-se no Brasil os níveis de emprego para os vários setores ligados à cafeicultura, setores esses que mantinham por sua vez o mercado interno para os produtos industrializados.

Vê-se assim que não havia uma divergência de interesses entre os setores industriais e agroexportadores.

Na Presidência do mineiro Afonso  Pena (1906-1909), o governo federal assumiu o compromisso de comprar os excedentes de café, transferindo a responsabilidade da dívida dos estados para a União. Era a “socialização da dívida”.

Era Mauá


Barão de Mauá era um político e industrial Brasileiro que promoveu algumas ações com o fim de acelerar o cenário industrial no País.

O Cenário do Brasil, no fim do século XIX, era o seguinte:

  • concentração do interesse nos campos
  • o trabalho escravo
  • uma aristocracia que investia somente em terras e não na própria segurança.Crescimento do País:

Esses fatores freavam o crescimento do país, e consequentemente o crescimento da indústria nacional. A preocupação com o comércio e com a industrialização era mínima, e existia um outro fator importante, o escravismo, que dificultava o desenvolvimento da economia.

Essa situação começa a mudar no ano de 1844 quando a produção interna aumenta pelo favorecimento da Tarifa Alves Branco que aumenta o tributo nos produtos importados. Dessa maneira o mercado interno crescia e se consolidava se tornando cada vez mais competitivo com os produtos que vinham do exterior.

Outro fator importantíssimo e que deu um outro rumo à economia brasileira foi o fim do tráfico de escravos, em 1850. Assim o grande investimento foi devidamente feito no setor industrial e comercial.

Podemos citar também que neste mesmo ano, 1844, foi criado o Código Comercial, que era uma ferramenta de regulamentação das transações comerciais.

Esta combinação de fatores favoreceu, e muito, o crescimento da economia brasileira e entre os anos de 1850 e 1889 diversas pequenas fábricas de muitos setores começaram a surgir. Entre as áreas que mais se destacaram estão as que produziam couro, sabão, papel e bens de consumo.

Visconde de Mauá:

Neste ambiente surge a figura do Visconde de Mauá. Irineu Evangelista de Souza. Entre usa ações de impulsionamento da economia brasileira estão à criação de estaleiros e fundições, companhias de linhas telegráficas, ferrovias, iluminação a gás, transporte urbano, entre outros negócios.

Porém este crescimento industrial começou a incomodar a elite rural escravista e os países industrializados, que passaram a ser concorrentes.

Assim começa o processo que levaria o Barão a falência. O mercado interno industrial não estava completamente estabilizado, pois o escravismo não tinha participação nas trocas monetárias existentes e as relações de mercado não se faziam de forma plena. A oposição dos senhores rurais também eram constantes e freavam o crescimento do país.

Devido a esse processo, as transformações na economia tornaram-se algo isoladas por parte de alguns empresários e lentas por conta do sistema econômico agrário que o Brasil estava inserido, dificultando o crescimento do país.

Por: Pedro Augusto Rezende Rodrigues


4ª SEMANA DE AULA

EIXO TEMÁTICO: Mundo Contemporâneo, República e Modernidade, Cidadania e
Democracia: de 1930 aos dias atuais.

TEMA 2- Trabalho e Produção na Sociedade Brasileira entre o Império e a Primeira
República.

HABILIDADE(S):

10.1. Identificar e analisar por meio de dados quantitativos (dados censitários na forma de
gráficos e tabelas) impactos do processo de industrialização/ urbanização, imigração
sobre a organização do trabalho e práticas sociais e políticas.

10.2. Identificar e analisar por meio de dados quantitativos (dados censitários na forma de
gráficos e tabelas) a preponderância da cafeicultura sobre os outros setores da economia
brasileira.

10.3. Analisar as diferentes formas de sobrevivência dos libertos.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: O Brasil no quadro do capitalismo ocidental no início do século XX

VEJAM OS VÍDEOS PARA REVISAR O CONTEÚDO DESTE PET



Para fixar o conhecimento, desta unidade, segue aulas de todos os presidentes da República Velha. Vale a pena tirar um tempinho e assistí-las.













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