A Revolução Russa de 1917 foram dois levantes populares: o primeiro ocorrido em fevereiro, contra o governo do czar Nicolau II, e o segundo, em outubro.
Na Revolução de Fevereiro, os revolucionários aboliram a monarquia e, na Revolução de Outubro, começaram a implantar um regime de governo baseado em ideias socialistas.
Causas da Revolução Russa: contexto histórico
Na Rússia, durante o século XIX, a falta de liberdade era quase absoluta.
No campo, reinava uma forte tensão social, devido à grande concentração de terras na mão da nobreza. A Rússia foi o último país a abolir a servidão, em 1861 e em muitos lugares, continuava-se com o sistema de produção feudal.
A reforma agrária promovida pelo czar Alexandre II (1855-1881), pouco adiantou para aliviar as tensões no campo. O regime czarista reprimia a oposição e a Ochrana, polícia política, controlava o ensino, a imprensa e os tribunais.
Milhares de pessoas eram enviadas ao exílio na Sibéria condenadas por crimes políticos. Capitalistas e latifundiários mantinham o domínio sobre os trabalhadores urbanos e rurais.
No governo do czar Nicolau II (1894-1917), a Rússia acelerou seu processo de industrialização aliada ao capital estrangeiro. Os operários concentraram-se em grandes centros como Moscou e São Petersburgo.
Apesar disso, as condições de vida pioraram, com a fome, o desemprego e a diminuição dos salários. A burguesia também não era beneficiada, pois o capital estava concentrado nas mãos dos banqueiros e dos grandes empresários.
A oposição ao governo crescia. Um dos maiores partidos de oposição era o Partido Social Democrata, mas seus líderes, Plekhanov e Lenin, tinham que viver fora da Rússia para fugir das perseguições políticas.
O Partido Operário Social-Democrata Russo era crítico com a política do país. Porém, as divergiam de como solucionar os problemas da Rússia. Isto acabou por dividi-lo em duas correntes:
Bolcheviques (maioria, em russo), liderados por Lenin, defendiam a ideia revolucionária da luta armada para chegar ao poder.
Mencheviques (minoria, em russo), liderados por Plekhanov, defendiam a ideia evolucionista de se conquistar o poder através de vias normais e pacíficas como, por exemplo, as eleições.
Revolução de 1917: Antecedentes
Em janeiro de 1905, um grupo de operários participava de uma manifestação pacífica em frente ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, uma das sedes do governo. O objetivo era entregar um abaixo assinado ao czar, pedindo melhorias.
A guarda do palácio, assustada com a multidão, abriu fogo matando mais de mil pessoas. O episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento e provocou uma onda de protestos em todo o país.
Aspecto do tiroteio cometido pelas tropas czaristas aos manifestantes
Diante da pressão revolucionária, o czar promulgou uma Constituição e permitiu a convocação de eleições para a Duma (Parlamento). A Rússia tornava-se assim uma monarquia constitucional, embora o czar ainda concentrasse grande poder, e o Parlamento tivesse uma atuação limitada.
Na realidade, o governo ganhou tempo e organizou as reações contra as agitações sociais e os sovietes. Estes eram assembleias de operários, soldados ou camponeses que se organizaram após a Revolução de 1905. Mais tarde teriam um papel essencial da Revolução de 1917.
Ainda em 1905, outro fator de descontentamento foi a derrota na guerra Russo-japonesa. A Rússia perdeu o conflito para o Japão que era considerado um povo inferior e teve que ceder algumas ilhas para este país.
Atuação da Rússia na Primeira Guerra Mundial
Durante a Primeira Guerra Mundial, como membro da Tríplice Entente, a Rússia lutou ao lado da Inglaterra e da França, contra a Alemanha e o Império Austro-Húngaro.
No entanto, o exército russo encontrava-se despreparado para o confronto. As consequências foram derrotas em várias batalhas que deixaram a Rússia enfraquecida e economicamente desorganizada.
Em março, o movimento revolucionário foi deflagrado, com greves se iniciando em São Petersburgo e que se espalharam por vários centros industriais. Os camponeses também se rebelaram.
A maior parte dos militares aderiu aos revolucionários e força a abdicação do czar Nicolau II, em fevereiro de 1917.
Revolução de Fevereiro e Outubro de 1917
Lenin discursa para um grupo de soldados
Após a abdicação do czar, forma-se um Governo Provisório, sob a chefia de Kerensky, que se veria envolvido em disputas entre liberais e socialistas.
Sofrendo pressões dos sovietes, o governo concedeu anistia aos prisioneiros e exilados políticos. De volta à Rússia, os bolcheviques, liderados por Lenin e Trotsky, organizaram um congresso onde defendiam lemas como: “Paz, terra e pão” e “Todo o poder aos sovietes”.
No dia 7 de novembro (25 de outubro no calendário gregoriano), operários e camponeses, sob a liderança de Lenin, tomaram o poder. Os bolcheviques distribuíram as terras entre os camponeses e estatizaram os bancos, as estradas de ferro e as indústrias, que passaram para o controle dos operários.
Consequências da Revolução Russa
A Rússia se retira da Primeira Guerra
O primeiro ato importante do novo governo foi retirar a Rússia da guerra. Para isso, em fevereiro de 1918, foi assinado o Tratado de Brest-Litovsk com as Potências Centrais.
Este determinava a entrega da Finlândia, Países Bálticos, Polônia, Ucrânia e Bielorrússia, além de distritos no Império Otomano e na região da Geórgia.
Guerra civil na Rússia
Os quatro primeiros anos de governo bolchevique foram marcados por uma guerra civil que abalou profundamente o país.
Igualmente, para evitar qualquer tentativa de restauração monárquica, o czar Nicolau II e sua família foram assassinados sem qualquer tipo de julgamento, em julho de 1918.
O Exército Vermelho, criado por Leon Trotsky, derrotou o Exército Branco, formado por nobres e burgueses, garantindo a permanência dos bolcheviques no poder. A revolução estava salva, mas a paralisação econômica era quase total.
Para restaurar a confiança no governo, foi criada a NEP (Nova Política Econômica), que permitia a entrada de capital estrangeiro e o funcionamento de empresas particulares.A aplicação da NEP resultou no crescimento industrial e agrícola da Rússia.
Conclusão da Revolução Russa
Em 1922 foi estabelecida a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), sob liderança de Lenin. Após sua morte, em 1924, iniciou-se uma luta pelo poder entre Trotsky e Stalin.
Derrotado, Trotsky foi expulso do país e, em 1940, foi morto na cidade do México, por um assassino a serviço de Stalin. Sob seu governo, a URSS conheceu uma das mais violentas ditaduras da história, ao mesmo tempo que passava por um crescimento econômico vertiginoso.
Durante a II Guerra Mundial, o país seria um dos principais inimigos do nazismo, aliado dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Após o conflito, seria alçada à condição de segunda potência mundial.
Revolução Russa: resumo
A Revolução Russa, ocorrida em 1917, foram dois levantes populares ocorridos em fevereiro e outubro.
No entanto, a agitação social vinha de longe. Em 1905, manifestantes pediram ao czar Nicolau II melhores condições de vida, mas foram rechaçados à bala. Como consequência, o monarca procurou modernizar o país com eleições para um parlamento (Duma) e uma Constituição.
Com a entrada da Rússia na Primeira Guerra (1914-1917), a situação só piorou. Vários soldados desertaram, oficiais passaram a conspirar contra o czar e este foi deposto através da Revolução de Fevereiro de 1917.
Embora tenham abolido a monarquia, muitos revolucionários achavam que não era suficiente. Assim, um novo golpe é dado, desta vez pelos bolcheviques e camponeses, que instituem um regime mais próximo ao socialismo através da Revolução de Outubro.
O crescimento econômico dos anos 1920 foi bruscamente interrompido pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, dando início a uma longa crise mundial. Nessa época configurou-se a sociedade de massas e surgiram novas formas de lazer.
As mudanças econômicas
O crescimento desigual dos anos 1920
Depois da Primeira Guerra Mundial, a hegemonia econômica deslocou-se da Europa para os Estados Unidos, e Nova York converteu-se no centro financeiro do mundo.
A readaptação da economia europeia à paz foi longa e difícil, devido à destruição provocada pela guerra, pela inflação e pelo aumento do desemprego. A partir de 1923, houve crescimento da produção, declínio do desemprego e melhora do nível de vida nos países da Europa, embora em escala menor do que nos Estados Unidos. A crise de 1929 e sua expansão
Quando o período de expansão econômica nos Estados Unidos terminou bruscamente em 1929, a economia norte-americana tinha um grave problema: dependência excessiva dos créditos. As empresas solicitavam crédito para aumentar a produção, enquanto os consumidores o faziam para comprar bens de consumo e para investir na Bolsa. As primeiras quedas da Bolsa provocaram pânico entre os investidores. Em 24 de outubro, na conhecida “Quinta-Feira Negra”, a Bolsa de Nova York entrou em crise.
A queda do valor dos títulos impediu que muitos acionistas recuperassem o dinheiro que tinham, o que provocou uma série de falências bancárias. A crise se estendeu, pois muitas empresas e pequenos proprietários ficaram arruinados.
Os Estados Unidos repatriaram seus investimentos externos e exigiram o pagamento de seus empréstimos. Por isso, a partir de 1931, a crise se estendeu para a Europa e o restante do mundo. As consequências da crise
O desemprego disparou e a população empobrecia, situação que se prolongou durante grande parte da década de 1930. Os governos se viram obrigados a intervir na economia para diminuir a miséria.0
O plano de recuperação mais importante foi o New Deal (“Novo Acordo”), implantado pelo presidente Franklin Roosevelt. Consistia em uma série de medidas para reforçar a proteção social por parte do governo e fomentar a criação de empregos mediante ajuda à indústria, à agricultura, e às obras públicas. A nova sociedade
A sociedade de massas
Na primeira metade do século XX consolidou-se a sociedade de massas, caracterizada por:
Crescente participação da população na política graças aos meios de comunicação (imprensa, rádio) e à generalização do sufrágio universal.
Melhoria do padrão de vida, que resultou no aparecimento da sociedade de consumo, Houve também melhora na alimentação da maioria da população;
em algumas residências, as pessoas começaram a desfrutar instalações antes reservadas à classe alta, como elevador, calefação, sanitários, luz elétrica e linhas telefônicas.
Surgimento de um novo conceito de lazer, favorecido pela redução da jornada de trabalho. Expandiram-se novos entretenimentos, como o cinema e os esportes de massa.
Uma das mudanças sociais mais significativas foi o início da emancipação feminina: em muitos países, concedeu-se direito de voto às mulheres, que passaram a conquistar cada vez mais espaço no mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, houve liberalização dos costumes femininos.
Uma época de utopias e radicalismo
Ao final da Primeira Guerra Mundial, a democracia parecia ter triunfado na Europa. Ao longo do período entre esse conflito e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o povo de vários países desencantou-se com a democracia.
Houve uma polarização das posições políticas: grande parte do operariado optou pela revolução, enquanto outra parte da sociedade, principalmente as classes médias, defendeu governos fortes, ultranacionalistas e anticomunistas. Em alguns países essa divisão provocou conflitos. Foi o caso da Espanha, onde, depois da guerra civil (1936-1939), instaurou-se a ditadura do general Francisco Franco.
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